O Flamengo anunciou nesta terça-feira um acordo com o técnico Vítor Pereira. Ex-Corinthians, o profissional substitui Dorival Júnior no comando do rubro-negro. “O Clube de Regatas do Flamengo informa que tem um acordo com o técnico Vítor Pereira para comandar o elenco profissional em 2023”, anunciou o clube, brevemente.
As negociações para ter o técnico português vinham caminhando desde o final de novembro, como confirmou o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, na época. No último dia 8, o vice-presidente de futebol Marcos Braz voltou a confirmar as conversas, mas disse que não havia nada definido.
O Flamengo jamais fez qualquer contato com Vítor Pereira enquanto ele estava com vínculo. Eles se despediram do clube. O Flamengo jamais entrou nesse processo. Posterior a isso, Flamengo entendeu que poderia fazer uma análise para levar o técnico. É isso que a gente está trabalhando, para ter ele na próxima temporada. Ainda não está nada certo – declarou Marcos Braz, em entrevista para Wellington Campos,da Rádio Itatiaia.
Vítor Pereira chega para comandar um elenco atual campeão da Copa do Brasil e da Libertadores, com o Mundial de Clubes relativo à temporada 2022 ainda a ser disputado. Na temporada passada, o português levou o Corinthians às quartas da Libertadores, à final da Copa do Brasil e à quarta posição no Brasileirão — nas duas primeiras, acabou eliminado justamente para o Flamengo. Pelo time paulista, foram 64 jogos, 26 vitórias, 21 empates e 17 derrotas.
A negociação gerou polêmica desde o início, já que Pereira havia apontado um problema familiar em Portugal como um dos motivos de sua saída do Corinthians, sinalizando uma necessidade de retorno ao país. Torcedores do do clube paulista o criticaram nas redes.
Como jogam os times de Vítor Pereira, novo técnico do Flamengo
Vítor Pereira acumula cinco grandes títulos na carreira. O primeiro deles, o do Campeonato Português de 2011/12 pelo Porto, rendeu um início como treinador badalado para um ex-meia pouco brilhante quando ainda atuava. No Estádio do Dragão, o treinador substituiu Andre Villas-Boas, de quem foi auxiliar, após uma temporada histórica, de vitórias na liga nacional e na Liga Europa em 2010/11.
Um dos aspectos mais curiosos na carreira de Vítor é a dualidade entre sua capacidade de adaptação aos diferentes estilos de futebol ao redor do mundo e os curtos períodos que permanece à frente dos seus clubes. No Porto, a passagem mais bem-sucedida e segunda mais duradoura da carreira, venceu o Português duas vezes — a primeira, na temporada de estreia, perdendo apenas um jogo, e a segunda, invicto. Por outro lado, sofreu críticas pelo desempenho ruim na Champions e em torneios mata-mata.
Por lá, deu o cartão de visitas do que se trata sua ideia básica de jogo: equipes que gostam de pressionar o adversário com a bola e que atacam com amplitude, abusando dos pontas e laterais que acham espaço entre as linhas adversárias e dão apoio ao jogo dos meias. Com a bola, seus times tentam imprimir ritmo sufocante, trocando passes rápidos e inversões, subindo suas linhas de meias e abrindo esses pontas e laterais. Estes fazem função importante, com a responsabilidade do último passe antes da finalização.
O estilo deu muito certo em Portugal e surpreendeu com um dos melhores ataques do país: média de 69,5 gols por temporada nos dois anos em que esteve lá, embora tivesse problemas na transição defensiva como o calcanhar de aquiles. No Corinthians, foram 75 gols marcados e um dilema: o técnico passou boa parte da temporada tentando encontrar a melhor posição de Róger Guedes, principal atleta da equipe, que alternou entre centroavante e ponta. No fim, o centroavante móvel Yuri Alberto permitiu ao português ter Róger como mais uma arma entre seus jogadores abertos.
O português também exige muito de seus defensores. Alterna entre três, quatro ou até cinco no setor. Gosta de uma saída de bola organizada e mais precisa na troca de passes, voltando com seus meias e até com o centroavante ao segundo terço do campo, buscando a superioridade numérica contra adversários que os pressionam. No Shangai SIPG, da China, treinou um time que tinha um trio de ataque poderoso, formado pelo austríaco Arnautovic e os brasileiros Oscar e Hulk. Por lá, defendia de forma mais cautelosa, com linhas de meias e defensores no terço central ou mais próximos do seu próprio gol, estilo que veio a repetir algumas vezes no Timão.