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Fiocruz alerta para caso de morte por meningite transmitida por caramujo; entenda

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A dor de cabeça é o sintoma mais comum da doença, seguido de enjoo, vômito e parestesia persistente, como formigamentos

Em trabalho de investigação epidemiológica, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) confirmou a presença do verme Angiostrongylus cantonensis, causador de meningite eosinofílica, em caramujo coletado na cidade de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

O Serviço de Referência foi acionado pela Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu após a confirmação de óbito pela doença na cidade. Os profissionais realizaram coletas de caramujos em diferentes pontos do bairro Ipiranga, onde o paciente contraiu a infecção. O verme causador da doença foi detectado em caramujo aquático do gênero Pomacea, conhecido popularmente como lolô ou aruá.

A detecção foi realizada por meio de exame parasitológico dos moluscos e sequenciamento genético do parasito. Um total de 22 moluscos foi analisado. Um molusco da espécie Pomacea maculata estava infectado. O achado foi comunicado pelo Serviço de Referência à Secretaria de Saúde local e ao Ministério da Saúde (MS).

Após a confirmação da infecção no molusco, outros 15 animais, incluindo ratos, gambás e preás, estão sendo analisados para confirmar a infecção nos mamíferos.

Entenda o ciclo da doença

A meningite transmitida por caramujos é chamada de meningite eosinofílica. A doença é causada pelo verme Angiostrongylus cantonensis. No ciclo de vida desse verme, roedores (por exemplo, ratos urbanos) atuam como hospedeiros das formas adultas do parasita, que se reproduzem no organismo dos animais e geram larvas (formas jovens do verme).

As larvas são eliminadas nas fezes dos ratos e ingeridas por caramujos. Dentro dos moluscos, elas adquirem a forma capaz de infectar animais vertebrados. A infecção humana ocorre quando as pessoas ingerem um caramujo infectado ou o muco liberado por ele, contendo as larvas do verme.

“No Brasil, muitos casos são associados ao molusco Achatina fulica, conhecido como caracol gigante africano. Porém, outros moluscos terrestres e aquáticos também podem transmitir o parasito. A população precisa estar alerta para adotar cuidados ao manusear caramujos, higienizar verduras e não ingerir esses animais crus ou malcozidos”, explicou Silvana Thiengo, chefe do Laboratório de Malacologia do IOC/Fiocruz.

Segundo especialistas, o paciente que morreu em abril se infectou após ingerir um caramujo de água doce cru. A dor de cabeça é o sintoma mais comum da doença. Rigidez da nuca e febre, que são comuns em outras formas de meningite, ocorrem apenas em parte dos casos de meningite eosinofílica.

Alguns pacientes apresentam ainda distúrbios visuais, enjoo, vômito e parestesia persistente (como, por exemplo, sensação de formigamento ou dormência).

Na maioria dos casos, o paciente se cura espontaneamente. Porém, o acompanhamento médico é importante porque alguns indivíduos desenvolvem quadros graves, que podem levar à morte.

O tratamento busca reduzir a inflamação no sistema nervoso central e aliviar a dor, além de evitar complicações.

Como evitar?

Para combater esse vetor, o indicado é realizar a catação manual dos caramujos, da seguinte forma: catar os caramujos usando luvas ou sacos plásticos para proteger a mãos; colocá-los em recipiente com água fervente por cinco minutos; quebrar as conchas e enterrá-las ou jogá-las no lixo (as conchas não devem ser descartadas inteiras porque podem acumular água, tornando-se criadouros do mosquito Aedes aegypti).

Outros cuidados importantes são: não ingerir moluscos crus ou malcozidos, incluindo caracóis terrestres, lesmas e caramujos aquáticos; e lavar bem frutas e verduras, deixando de molho por 30 minutos em mistura com um litro de água e uma colher de sopa de água sanitária, enxaguando-as bem em água corrente antes do consumo.

O caso registrado em Nova Iguaçu foi a terceira infecção humana confirmada no estado. Os outros dois casos foram registrados em estudo de 2014, que mapeou a disseminação da meningite eosinofílica no país.

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