As temperaturas acima da média estão quebrando recordes mês após mês. Só no ano passado, o calor extremo matou quase 50 mil pessoas na Europa. A tendência é que o quadro piore ainda mais com o avanço do aquecimento global e, em breve, nenhuma roupa térmica será capaz de nos proteger dessas oscilações.
Pensando nisso, uma equipe da Escola de Moda e Têxteis da Universidade Politécnica de Hong Kong desenvolveu roupas robóticas com isolamento térmico capazes de se ajustar à temperatura ambiente (até às mais extremas).
Roupa térmica robótica vai ajudar a manter segurança de trabalhadores no calor
Um artigo descrevendo a criação foi publicado em março na Advanced Science. Os pesquisadores explicaram que o objetivo da roupa térmica robótica é proteger pessoas que trabalham em ambientes de calor extremo, seja dentro ou fora de casa.
Isso porque, como lembrou o TechXplore, as temperaturas altas não só dificultam as atividades diárias, já que elevam o consumo de energia, mas também levam ao aumento do estresse e exacerbam condições crônicas, como doenças cardiovasculares, diabetes, condições de saúde mental e até asma.
Nesse sentido, o uso da roupa térmica é essencial. Imagine bombeiros ou funcionários da construção civil que trabalham ao ar livre sem nenhum tipo de proteção contra o Sol ou contra o calor das chamas.
Só que os equipamentos tradicionais nem sempre dão conta das condições extremas às quais os profissionais se submetem, principalmente com o aumento da temperatura média. As roupas térmicas atuais podem levar ao superaquecimento, desconforto e algumas sequer são resistentes o suficiente para fornecer o isolamento térmico necessário para situações mais extremas (como um incêndio, por exemplo). É aí que entra a roupa térmica robótica proposta pela equipe de Hong Kong.
Invenção aguenta calor de até 120 °C
O segredo para projetar uma roupa térmica resistente e confortável é um sistema de adaptação automática de temperatura e isolamento térmico em diferentes situações.
A inspiração para essa tecnologia veio de uma fonte peculiar: pombos. A equipe se baseou no mecanismo de regulação adaptativa das aves, que permite prender uma camada de ar ao redor da pele para reduzir a perda de calor para o ambiente.
Quando o contrário acontece e a temperatura cai, elas afofam as penas para usar parte desse ar quente parado e se aquecer. Entenda como a roupa térmica foi feita:
- A roupa térmica usa tecido robótico macio para gerenciamento térmico adaptativo dinâmico;
- Os pesquisadores incorporaram à criação um exoesqueleto para encapsular um fluido não tóxico, não inflamável e de baixo ponto de ebulição;
- Esse sistema transforma o fluido em gás conforme a temperatura ambiente aumenta. Isso, por sua vez, causa a expansão da roupa térmica e o espessamento do tecido, aumentando a quantidade de espaço disponível para o ar parado se instalar.
O resultado é uma resistência térmica duas vezes maior do que a tradicional e que pode manter a temperatura da superfície interna pelo menos 10 °C mais fria do que outras (até temperaturas de 120°C).
Roupa térmica contra o calor pode virar peça comum no guarda-roupa
A roupa térmica foi testada e lavada e não apresentou sinais de vazamento. Segundo o Dr. Dahua Shou, líder do projeto, uma das vantagens é que a invenção não requer nenhum tipo de consumo energético externo (como chips ou bateria). Ele acredita que a tecnologia possa ser incorporada em roupas esportivas, casacos de inverno e outras peças para serem usadas ao ar livre.
Nossas roupas robóticas macias podem se adaptar perfeitamente a diferentes estações e climas, a diversas condições de trabalho e de vida, e a transições entre ambientes internos e externos para ajudar os usuários a experimentar conforto térmico constante sob calor intenso.Dr. Dahua Shou, líder do projeto