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“Faz o L”: entenda a batalha pelo slogan nas redes e veja o desempenho de governo e oposição

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"Faz o L"

Alçada a slogan informal de mobilização tanto por petistas quanto por bolsonaristas, a expressão “faz o L” — uma referência ao gesto com a mão que é marca da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — virou alvo de uma disputa entre os dois campos nas redes sociais. De um lado, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro adotaram o termo de forma irônica para criticar medidas anunciadas pelo novo governo. Do outro, entusiastas do petista passaram a usar a frase para elogiar a gestão e marcar contrastes com a administração anterior.

Um levantamento feito pela consultoria Arquimedes, a pedido do GLOBO, revela que o “faz o L” já foi usado em 1,61 milhão de publicações no Twitter, feitas por 538 mil usuários, desde o começo do governo Lula até o dia 23 de fevereiro. Os dados apontam que a oposição ao presidente, principalmente a bolsonarista, tem vencido, por enquanto, a batalha: são os que mais adotaram a expressão e representam 52,5% dos usuários que postaram o termo no Twitter no período.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é um dos principais influenciadores do campo a difundir a estratégia. A campanha tem tanto apelo que uma conta bolsonarista criada em outubro de 2020 alterou seu nome para “Lquepassa” e passou a se dedicar a postagens. Com 74 mil seguidores, ela também tem servido para engajar a base aliada de Bolsonaro.

Campanha permanente

Fundador da Arquimedes, Pedro Bruzzi avalia que o predomínio e a apropriação feita pela oposição do símbolo usado na campanha são reflexos da dificuldade do governo Lula e de seus apoiadores em ter uma estratégia digital coordenada:

— O termo foi apropriado pelos bolsonaristas com muita rapidez, e isso se deve também à ausência do governo na condução do processo. O governo termina a campanha em 30 de outubro, mas a rede não se comporta assim. O bolsonarismo está sempre em campanha e é mais habilidoso no debate digital porque tem uma estratégia de coordenação.

O slogan é usado principalmente para se referir a notícias sobre aumentos de preços, medidas econômicas do governo — fotos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), não são raras — e para criticar posicionamentos de integrantes do PT e do Ministério de Lula, sejam elas reais ou não.

Recentemente, a expressão foi usada, por exemplo, em mensagens falsas difundidas em redes sociais que afirmavam que o PT pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para decidir que quem não quitar dívidas não poderá mais dirigir nem sair do país, quando a sigla fez exatamente o contrário: ingressou em 2018 com um processo na Corte contra medidas de apreensão de passaporte e da Carteira Nacional e Habilitação (CNH) de devedores. A fake news foi desmentida pelo Fato ou Fake, serviço de checagem do Grupo Globo. A tendência de uso do “faz o L”, e variações como “fazueli”, em campanhas de desinformação também já foi apontada pela agência de checagem Aos Fatos, que identificou em janeiro casos de correntes que atribuíam ações de governos anteriores à gestão de Lula.

No campo lulista, o “faz o L” é empregado em agendas positivas do presidente. O levantamento da Arquimedes não identificou seu uso no Twitter entre nomes relevantes do governo. Um dos principais perfis no debate sobre o tema é o do deputado federal André Janones (Avante-MG), que atuou como um estrategista informal da campanha de Lula nas redes no ano passado. O grupo de apoio a Lula também passou a usar a frase para reagir às ironias do campo bolsonarista.

Estudioso dos grupos de WhatsApp bolsonaristas, o professor de Estudos de Mídia David Nemer, da Universidade da Virgínia, nos EUA, explica que o slogan funciona como um meme, uma forma de aglutinar vários significados.

“Tem um sentido de validação do voto tanto para apoiadores do Lula quanto para o outro lado. Tende a reforçar bolhas e é uma forma de manter a mobilização. Ao funcionar como meme, facilita a comunicação digital”,

analisa o pesquisador.

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