Vários pais relataram não terem recebido a fórmula infantil do programa Leite do Meu Filho da Prefeitura de Manaus. O benefício é para ajudar na alimentação das crianças e as denúncias foram noticiadas pelo Radar Amazônico. Já foram noticiados outras vezes problemas com o programa como as suspensões na distribuição de leite e o superfaturamento de R$ 33 milhões com a contratação do Supermercado Rodrigues para o fornecimento da fórmula e composto lácteo para o programa.

“A gente nunca recebeu esse leite aí”, afirmou um pai que tem cadastro ativo desde agosto de 2023. Além dele, outros pais já passaram pela mesma situação.

De acordo com o denunciante, seu filho está com dois anos atualmente, mas quando a criança tinha meses de nascimento ele foi a uma das unidades do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e realizou o cadastro. No ato da inscrição, a atendente informou que a criança só poderia ter acesso ao benefício quando tivesse mais de um ano.

“A moça disse que o nosso filho tinha que ter um ano pra cima e só podia receber [na época] se ele fosse autista ou tivesse alguma deficiência. Quando ele tinha um ano, a gente foi lá novamente no CRAS e teve que esperar mais alguns meses [e agora] o cadastro já foi aprovado e meu filho fez dois anos ontem e a gente nunca recebeu esse leite aí”, relata o denunciante.

Ele também relatou que outros familiares que são da capital e do interior compareceram a uma unidade do CRAS para fazer o cadastro, mas o produto não estava disponível.

“Por exemplo, eles fazem o cadastro, aí normalmente o cadastro não ativa, elas [mães] ficam bravas. Às vezes não tem o leite que é o [marca] Nan. Não tem o leite Ninho da tampa vermelha, só tem a tampa verde. Aí de vez em quando eles [pais que procuram a unidade] fazem um barraco,” contou o(a) denunciante.

Sucateamento do Programa

Em fevereiro do ano passado várias famílias inscritas no programa denunciaram que estavam desde novembro de 2022, cerca de quatro meses, sem receber o leite.

Na ocasião, cerca de 78 mães fizeram um grupo em um aplicativo de mensagens para questionar a Prefeitura de Manaus e a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (Semsa) sobre a escassez do leite. Erica Leão, uma das integrantes do grupo, comentou na época que a prefeitura deu prioridade ao Carnaval e não para as mães.

“Eles pediram 21 dias para fazer a compra emergencial, mas isso é 21 dias porque eles querem. Porque dinheiro tem, Carnaval vem aí e eles estão dando prioridades às coisas que não são prioridade”.

A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) foi contactada sobre posicionamento pela falta de leite no programa, mas não respondeu.