A agência de marketing russa que pagou influenciadores para espalhar desinformação sobre vacinas contra a COVID-19 foi banida do Facebook. Em seu mais novo relatório sobre comportamento inautêntico, a rede social avisa que removeu 308 perfis falsos associados à Fazze. O YouTuber brasileiro Everson Zoio é apontado por investigações como um dos influenciadores contratados pela agência. Ele tornou privado o vídeo em que criticava a vacina da AstraZeneca.
YouTuber tornou vídeo com críticas à vacina “privado”
Segundo investigações conduzidas pelo próprio Facebook, a rede de perfis falsos sob pagamento da Fazze operou em mais de uma dúzia de fóruns online. Ela tem origem na Rússia — onde a agência de marketing tem sua matriz, com 66% dos funcionários sendo russos — e teve como principais alvos o público da Índia e da América Latina.
Dentre os influenciadores que fizeram parte dessa campanha na América Latina está o YouTuber brasileiro Everson Zoio, com 13 milhões de inscritos em seu canal na plataforma, além de 3 milhões de seguidores no Instagram.
Em um vídeo, Everson chega a criticar a vacina da Oxford AstraZeneca alegando que ela possui uma eficácia menor do que outros imunizantes e que o uso de um adenovírus inofensivo de um chimpanzé para provocar uma reação imunológica era suspeito.
O imunizante da AstraZeneca, entretanto, é 100% eficaz ao tratar de casos graves da COVID-19, segundo a Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Everson tornou o vídeo em que questiona a eficácia da vacina da AstraZeneca privado: quando só é possível ver o arquivo por meio de um link direto. Antes, ele já havia apagado um vídeo em que critica o imunizante de Pfizer.
Russos atacaram vacinas da AstraZeneca e Pfizer
Por coincidência, o Facebook aponta que a campanha da Fazze com ataques a vacinas teve duas fases distintas: na primeira, perfis falsos, principalmente na Índia, postaram memes de que o imunizante da AstraZeneca transformava as pessoas em primatas entre dezembro e novembro de 2020; a segunda onda de publicações, em maio de 2021, teve como alvo a vacina da Pfizer, por meio de um suposto documento vazado da AstraZeneca que apontava um número de mortes maior entre quem recebeu doses da Pfizer.
O Facebook aponta que os perfis inautênticos foram criados em “fazendas de contas”. No caso da Índia, por exemplo, usuários eram de Bangladesh e do Paquistão, mas fingiam ser indianos.
Às vezes, postagens no Instagram feitas por esses perfis continham memes em hindu, mas a conta tinha um nome e inglês, e as hashtags eram em português. A atividade das contas inautênticas na rede social era “rudimentar” como define o Facebook.
Durante a primeira fase da campanha de desinformação, que criticava a vacina da AstraZeneca, entre 14 e 24 de dezembro, 10 mil postagens foram reunidas pela investigação. Mas o Facebook ressalta que ela não teve o sucesso e engajamento esperados, apesar do alto volume de postagens. Cerca de 24 mil pessoas seguiam contas no instagram envolvidas com a Fazze.
Além do Facebook e do Instagram, as investigações apontam que a rede de desinformação agiu em outros sites e fóruns de discussão, como Reddit e Medium. Duas petições na plataforma Change.org foram criadas para espalhar os boatos sobre vacinas, uma em hindu e outra em inglês; a primeira teve pouco mais de 900 assinaturas, enquanto a segunda não passou de 600 signatários.
A Fazze está ligada à empresa de marketing digital russa AdNow. Ela tem uma filial no Reino Unido e funcionários na América Latina, sendo um deles representante da marca no Brasil.
O YouTuber Everson Zoio também não respondeu à reportagem até o horário de publicação.
Com informações de Tecnoblog.