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Exército vai levar mísseis, foguetes, helicópteros e blindados para sua maior operação na Amazônia

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Cerca de 8 mil militares devem atuar na fronteira com a Venezuela e as Guianas em exercício com o objetivo de dissuadir ameaças na região antes da COP 30

O Ministério da Defesa (MD) deve reunir cerca de 8 mil homens de tropas do Exército, da Marinha e da Força Aérea, mobilizando mísseis, foguetes, blindados, embarcações e aeronaves na Operação Atlas. Trata-se da maior ação militar feita na fronteira norte do País desde a escalada da crise entre a Venezuela e a Guiana em razão da disputa pela região de Essequibo.

O objetivo é testar a mobilização e a logística das forças para atuar na região, servindo de dissuasão a ameaças externas, como as feitas pelo ditador Nicolás Maduro contra Georgetown, nas vésperas da COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), que ocorrerá em Belém, em novembro.

No começo de junho, o MD deve concluir o planejamento conjunto da operação, que deve ocorrer na primeira quinzena de outubro. O plano do Exército é desdobrar suas tropas na faixa de fronteira que vai de Roraima ao Amapá. Ele deve envolver as tropas da 1.ª Brigada de Infantaria de Selva, com sede em Boa Vista (RR) e da 22.ª Brigada de Infantaria de Selva, em Macapá (AP).

A primeira foi reforçada durante o ano passado com novos blindados e o primeiro lote de mísseis anticarro MAX 1.2 AC. Agora, o Exército pretende mobilizar a Companhia Anticarro, que recebeu uma centena de mísseis Spike LR2 israelenses no fim de 2024, e conduzi-la até Roraima com a ajuda do Comando de Aviação do Exército (CAvEx) a partir da Base Aérea de Taubaté.

O lançador de foguetes Astro em ação na Operação Perseu

Capa do video - O lançador de foguetes Astro em ação na Operação Perseu

O lançador de foguetes Astro em ação em Resende (RJ), durante a na Operação Perseu, em 2024: equipamento deve ser usado na Operação Atlas,

A tropa pertence à 11.ª Brigada de Infantaria (Capinas) e é subordinada ao Comando Militar do Sudeste (CMSE). Do CMSE, ainda deve partir para a região a Companhia de Precursores da 12.ª Brigada de Infantaria (Aeromóvel), que é uma das Forças de Emprego Estratégico (FEE), do Exército empregada no Operação Perseu, em 2024.

A companhia, criada naquele ano, é composta por paraquedistas cuja especialidade é fazer a infiltração e reconhecimento em ambiente hostil para garantir o preparo do terreno para a chegada de outras tropas. Um grupo de seus homens já estará atuando em Roraima, examinando a área, até o final deste mês.

De Formoso, em Goiás, sede do Comando de Artilharia do Exército, devem sair plataformas lançadoras de foguetes Astros que serão transportados para a Amazônia por meio de aviões KC-390, da Força Aérea. Do Paraná devem partir blindados em direção à região. No mês passado, o Corpo de Fuzileiros Navais fez a mesma manobra com os lançadores de foguetes e com o Astros e o míssil Mansup, da Marinha.

O sistema de lançador de mísseis e foguetes Astros equipado com o míssil Mansup, da Marinha, embarca para manobras em Fortaleza em avião KC-390, da FAB
O sistema de lançador de mísseis e foguetes Astros equipado com o míssil Mansup, da Marinha, embarca para manobras em Fortaleza em avião KC-390, da FAB Foto: Marinha do Brasil

Na avaliação de um integrante do Alto-Comando do Exército, a recente movimentação de tropas feita pelo Exército venezuelano na fronteira com o Brasil teve como principal objetivo a propaganda do regime de Maduro. As tropas e equipamentos deslocados, de fato, para a fronteira com o Brasil foram insuficientes para constituir uma ameaça ao Brasil.

Em 2024, a Venezuela deslocou equipamentos – mísseis SM-90, lanchas rápidas de defesa iranianas zolfaghars (Peykaap 3), blindados e peças de artilharia – para as regiões da Ilha Anacoco, no Rio Cuyuni, e de Punta Barima, próximas da fronteira com a Guiana.

Já o Exército brasileiro enviou à Roraima 32 viaturas blindadas leves multitarefas (VBMLT) Guaicurus, oito blindados Guarani, seis blindados Cascavel, 22 viaturas não blindadas, além de dezenas de mísseis RBS antiaéreos e 70 mísseis MAX 1.2 AntiCarro (MSS 1.2 AC), além de munição de armamento pesado e leve, morteiros, metralhadoras e armamentos e leves, uma ação que custou cerca de meio bilhão de reais para os cofres do Exército.

Durante a inauguração da 1.ª Companhia Anticarro Mecanizada, o general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, comandante do Exército, recebe informações do comandante da unidade subordinada à 11ª Brigada de Infantaria Mecanizada e sediada no Aquartelamento Duque de Caxias, em Osasco (SP)
Durante a inauguração da 1.ª Companhia Anticarro Mecanizada, o general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, comandante do Exército, recebe informações do comandante da unidade subordinada à 11ª Brigada de Infantaria Mecanizada e sediada no Aquartelamento Duque de Caxias, em Osasco (SP) Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

O custo da defesa da soberania do País diante da nova realidade geopolítica do mundo deve crescer. Foi esse o principal ponto da Ordem do Dia, do comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, lida diante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Forte Caxias, o QG do Exército, em Brasília, durante a solenidade do Dia do Exército.

Tomás pediu “atenção redobrada” em relação à proteção dos brasileiros, pois nossa defesa precisa estar preparada para enfrentar “ameaças híbridas, difusas e multidimensionais , que não se manifestam claramente como os conflitos convencionais do passado”. O general lembrou as mudanças na geopolítica internacional, que estão levando ao rearmamento, principalmente, da Europa.

“Voltando nossos olhares para o cenário internacional, podemos verificar que o mundo passa por uma transformação rápida e, ao mesmo tempo, profunda em suas estruturas geopolíticas tradicionais. Os investimentos em defesa vêm crescendo exponencialmente em todas as regiões do globo, uma realidade que sugere ao nosso País atenção redobrada em relação à proteção dos brasileiros e dos ativos consagrados pela Constituição.” É nesse contexto que a Atlas deve ser entendida.