Por: Belmiro Vianez Filho
“Diante da estiagem amazônica, o alerta está dado — de novo. E é preciso que a voz do comércio e da indústria da Amazônia ecoe com firmeza: não pedimos favores, exigimos políticas públicas comprometidas com a realidade logística do nosso território”
Mais uma vez, como em um roteiro já escrito, os rios da Amazônia anunciam a chegada de uma nova vazante severa. Para quem vive do comércio, da indústria e da prestação de serviços na região, isso significa um novo ciclo de prejuízos, incertezas e desigualdade logística.
O Problema que se Reinstala
Este não é um evento inesperado. É um fenômeno cíclico que já ceifa competitividade, eleva o custo de vida e prejudica o abastecimento de milhões de pessoas. E, mesmo assim, o Brasil insiste em virar as costas para este drama amazônico.
O Custo de se Navegar em Baixa
Quando o nível dos rios baixa drasticamente, o frete sobe. Aplica-se uma taxa conhecida como “low waters”, imposta pelas operadoras de transporte pelo risco ampliado da navegação. Mas esse é apenas o custo direto. Há também os indiretos:
🔷 Maior tempo de entrega,
🔷 Maior necessidade de estoque,
🔷 Maior imobilização de capital,
🔷Mais carga tributária sobre tudo isso.
A Teimosa Exclusão Geográfica
Além da distância física dos grandes centros, a Amazônia sofre com um isolamento logístico e político que parece teimoso e deliberado. A cada novo ciclo de estiagem, nossas dificuldades se repetem como se fossem novidade, e as medidas sempre chegam tarde, paliativas, emergenciais – nunca estruturais.
O Que Reivindicamos
A proposta não é apenas gritar o problema. É propor, dividir responsabilidades e convocar para a colaboração entre setor público e privado, antes que a seca bata à porta mais uma vez.
Do setor privado, podemos agir:
🔷 Oferecendo custos portuários mais acessíveis nos dois meses que antecedem o período crítico,
🔷Organizando compras antecipadas,
🔷 Ajustando estoques com planejamento coletivo.
Do Governo Federal, exigimos:
🔷 Redução temporária das taxas da Suframa nos meses de risco,
🔷Melhoria das condições de trabalho para a Alfândega de Manaus, garantindo agilidade e eficiência no desembaraço de cargas.
Do Governo Estadual, pedimos:
🔷 Prazos maiores para pagamento de ICMS no mesmo período,
🔷Diálogo com o setor produtivo para medidas antecipadas e não apenas reativas.
Não Aceitamos Mais o Silêncio
O alerta está dado. De novo. E é preciso que a voz do comércio e da indústria da Amazônia ecoe com firmeza. Não pedimos favores. Exigimos políticas públicas comprometidas com a realidade logística do nosso território.
Chega de paliativos pós-desastre. Está na hora de responsabilidade prévia. O Amazonas não pode mais ser tratado como exceção: precisamos ser prioridade.