Amazonas – A Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM) está enfrentando uma crise de reputação após uma série de escândalos e a divulgação de envolvimento de membros influentes em situações constragedoras.
Os recentes acontecimentos têm deixado tanto empresários quanto os industriários locais envergonhados com o escárnio e a falta de seriedade de membros das Federações que estão criando uma verdadeira mancha em um órgão com mais de 63 anos de história no Amazonas.
Um dos escândalos veio à tona após a denúncia de uma ex-funcionária que alegou ter sofrido assédio do alto escalão da FIEAM e expôs um vídeo em que um assessor de gabinete da presidência cometia atos sexuais dentro das dependências da entidade.
Em nota, a Federação confirmou que o vídeo de sexo ocorreu dentro da instituição, mas tentou transferir a responsabilidade do escândalo à imprensa local, acusando o conteúdo de injúria e difamação.
A nota logo indignou os jornalistas, inclusive sendo respondida em coluna opinativa pelo jornalista Raimundo de Holanda, no Portal do Holanda.
Confira um trecho abaixo:
Não há injúria em abordar o fato, menos ainda difamação. Há provas da ilicitude, não narrativas vazias. Há, por outro lado, a necessidade de depurar uma administração viciada que confunde uma sala de reuniões ou um simples corredor da Fieam com a “casa das primas”. (…)
A nota faz menção a Lei Geral de Proteção de Dados e procura apurar quem divulgou dentro da Federação das Indústrias as imagens e a extensão de seu vazamento. Mas é benevolente com os principais envolvidos no episódio lamentável ao dizer que “se trata de um caso isolado”.
Ademais, a Lei de Proteção de Dados Pessoais não coloca para debaixo do tapete ações erráticas de ninguém. Ao contrário: protege direitos fundamentais de liberdade e privacidade, mas essa privacidade termina quando o cidadão viola direitos e conspurca o ambiente de uma instituição que, como a nota da Fieam diz, “tem mais de 60 anos” e merece ser respeitada, especialmente e fundamentalmente, pelos seus dirigentes.
Quando a LGPD, a que se refere a nota da Fieam, fala em proteção de dados pessoais, no seu artigo 2o, se reporta a intimidade, a honra, a imagem e a vida privada. A Fieam não é palco para a vida privada de nenhum de seus dirigentes.
O correto seria o principal envolvido pedir afastamento. Se a Fieam merece o respeito da sociedade, da classe empresarial, do Estado Amazonas, deveria merecer também e fundamentalmente o respeito de seus dirigentes.“, escreve Holanda.
2º vice-presidente da FIEAM tem filho preso
Paralelamente ao ocorrido do escândalo sexual dentro da própria FIEAM com um assessor de gabinete do presidenta FIEAM Antonio Silva, um outro escândalo também respingou na Federações da Indústria Amazonense através de seu segundo representante no comando.
Um do mais notáveis membros do conselho da FIEAM, o empresário Wilson Périco, que também já foi diretor por mais de 10 anos do CIEAM (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), ganhou os holofotes negativos após ter o filho Márcio Villas Bôas preso por envolvimento com o Grupo Lótus, alvo da operações Fair Play da Polícia Federal e Operação Esfinge da Polícia Civil do Amazonas, que investigam golpes de estelionato contra mais de 200 servidores públicos, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O filho do empresário Wilson Périco foi preso em um condomínio de luxo localizado no bairro Adrianópolis, zona Centro-sul de Manaus na última quinta-feira (15). A informação foi confirmada pelo 13º DIP e se tornou impossível de ser abafada pelos familiares do acusado após os advogados de Márcio terem o pedido de anulação da prisão preventiva negado pela Justiça do Amazonas.
Contas Reprovadas
Além da crise envolvendo o filho, Wilson Périco também está tendo que lidar com as prestações de contas da sua última campanha política. O Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) reprovou as contas do empresário referente à campanha para deputado estadual em 2022. Conforme o TRE, a decisão é referente a ausência de extrato bancário, o que é considerado uma irregularidade grave.
O economista, que ocupou o cargo de presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam) por 10 anos, saiu ano passado para disputar o pleito, mas não saiu vitorioso, alcançado somente 2.480 votos.
Em abril, o Tribunal desaprovou a prestação de contas de campanha do ex-presidente do CIEAM. Na época, a relatora das contas do ex-candidato, vice-presidente e corregedora do Tribunal, desembargadora Carla Reis, afirmou que, mesmo após apresentação de documentação relacionada às irregularidades detectadas pela Comissão Técnica, se manteve a ausência do extrato bancário referente à conta bancária aberta para eventuais depósitos de recursos oriundos do Fundo Partidário (FP).
*Com informações CM7