Amazonas – O Prefeito do Careiro Castanho, Nathan Macena (Republicanos) e juiz da 2ª Vara Cível de Manaus, Roberto dos Santos Taketomi, jamais imaginariam que uma lancha utilizada pelo tráfico e apreendida em Tefé em 2021, seria o pivô que desencadearia a investigação contra uma série de irregularidades supostamente cometidas pelo magistrado usando o poder Judiciário e Executivo de comarcas municipais para blindar ele e seus aliados políticos.
A lancha
O jornalista e apresentador Ronaldo Tiradentes denunciou em 17 de maio de 2022, uma apropriação e favorecimento indevido por parte do juiz Roberto dos Santos Taketomi de uma lancha apreendida em Tefé, utilizada pelo tráfico de drogas em 2021.
Conforme apuração de Tiradentes, antes de ser utilizada pelo magistrado, a embarcação teria sido reformada com serviços pagos pelo prefeito do Careiro Castanho, Nathan Macena e foi obtida por meio de um ofício enviado ao juiz da Comarca de Tefé.
No documento, o juiz solicitava a lancha para serviços da comarca do Careiro Careiro, onde Taketomi atuou como juiz. Taketomi ficou responsável pela comarca até janeiro de 2022.
Apreensão
Segundo Ronaldo, essa história começa com a prisão em flagrante de uma quadrilha de narcotraficantes em Tefé, no dia 7 de outubro de 2021, que transportava 300 quilos de cocaína em duas lanchas. Uma delas, segundo Tiradentes, seria avaliada em R$ 250 mil e teria sido alvo da manobra do juiz que se tornou “parte interessada no bem” e já rapidamente se colocou como “fiel depositário”, inclusive tendo retirado a embarcação direto de Tefé, segundo o jornalista.
A lancha, no entanto, que havia sido usada pelo tráfico de drogas era roubada. Ainda durante a reforma da embarcação orquestrada pelo juiz, que chegou a vir para Manaus, na Oficina Náutica V4 Motores, o real proprietário da lancha acabou descobrindo o paradeiro e a artimanha de Taketomi e então procurou um advogado para reaver o bem contra o juiz.
Prefeito de Careiro
Outras pessoa que foi essencial para encobrir o esquema de Taketomi, segundo Tiradentes, foi o prefeito de Careiro Castanho, Nathan Macena. A autorização para o serviço de reforma na embarcação foi dada diretamente por ele, que pediu a instalação de banco de couro e capota. Nisto, o juiz Taketomi enviou o motorista do prefeito Raimundo Barbosa, vulgo “Dicoró” – que foi candidato a vereador em 2016 sendo amigo íntimo e aliado de Natan Macena – para buscar a lancha.
A embarcação, no entanto, segundo o próprio Tiradentes, nunca chegou ao Careiro Castanho, mas esteve sendo usada durante o período pelo próprio Juiz Taketomi para atividades de lazer, como pescaria. O jornalista ainda saliente que a relação entre o prefeito e o juiz com a reforma da lancha indica um favorecimento indevido que esconde um esquema de troca de “favores” ainda mais obscuro.
Outro envolvido
Ronaldo Tiradentes também menciona outro personagem na história. O assessor jurídico de Nathan Macena e ex-procurador geral do Careiro Castanho, Eduardo Karam. O advogado é amigo pessoal de Macena, trabalha com o juiz Taketomi e é advogado do senador Eduardo Braga (MDB) em todas as ações judiciais em trâmite contra a Rede Tiradentes, o Portal CM7 Brasil e outros veículos de comunicação que ousam expor irregularidades do grupo político envolto ao senador.
Se o real dono não aparecesse, o que deveria ser feito com a lancha?
De acordo com a Lei 13.886, de 17 de outubro de 2019, os bens apreendidos em operações de combate ao Tráfico de Drogas acabam indo fazer parte do Fundo Nacional Antidrogas (Funad), do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Dessa forma, segundo Tiradentes, “tudo o que for apreendido é do Funad e não do juiz Roberto Taketomi”. Caso o real dono da lancha não aparecesse, o que não aconteceu, a lancha apreendida teria que ir para o leilão e o juiz Taketomi precisaria comunicar em um prazo de 10 dias o Funad sobre o bem móvel. No entanto, não foi isso que Juiz Taketomi fez, conta o jornalista. A Polícia de Tefé teria ainda prioridade de utilização da lancha antes do leilão.
*Com informações CM7