O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um “pronunciamento”, comunicação típica de quem está no poder, em alusão ao dia 7 de Setembro, no qual criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Para Lula, Bolsonaro deveria anunciar um plano para gerar emprego, baratear alimentos e combustível em vez de “provocar divisão e ódio nas ruas”, fazendo referência aos atos marcados para esta terça-feira de apoio ao atual chefe do Executivo federal.
“Ao invés de somar, estimula a divisão, o ódio e a violência”, disse Lula sobre Bolsonaro.
“Porque este é o papel de um Presidente da República: manter acesa a confiança no presente e no futuro, mostrar que é possível superar os obstáculos. Um presidente tem de saber somar forças e governar com esse sentimento permanente, porque é dele que vem o exemplo para o país”, disse.
VEJA O PRNUNCIAMENTO NA ÍNTEGRA:
“Especialmente neste 7 de setembro de um ano tão difícil, era de se esperar um gesto assim de quem está governando o país. Que ele desse uma palavra de solidariedade às famílias vítimas da pandemia e viesse anunciar um plano para garantir a vacina para todos, pondo fim a essa angústia que a população está vivendo. Era de ser esperar dele um plano para gerar empregos que desse um alento aos trabalhadores, que viesse dizer que a Petrobras vai voltar a vender gasolina pelo custo real e não mais pelo preço do dólar, porque foi essa política errada que fez disparar o preço dos combustíveis”, criticou o ex-presidente.
“Basta sair na rua para ver que o brasileiro está sentindo na pele a destruição do país”, continua Lula.
O petista aponta ainda que a “fome, a pobreza, o desemprego e a desigualdade não são mandamentos divinos” e sim “resultados de erros que nós podemos e devemos corrigir para mudar essa situação. Mudar com coragem, com confiança na nossa gente e com democracia sempre. Eu sei que a vida nunca foi tão dura para a imensa maioria do nosso povo, mas eu aprendi a acreditar sempre na força dos brasileiros e das brasileiras”.
“Dignidade para quem está na fila do osso”
Lula ainda falou do alto preço dos alimentos e cobrou de Bolsonaro um plano para dar dignidade a quem está na “fila do osso”, iniciativa de um açougue que decidiu doar carcaça de animais para que as pessoas pobres possam se alimentar.
[Era de se esperar] que [Bolsonaro] apresentasse medida para baixar o preço dos alimentos, para garantir um mínimo de dignidade a quem está na fila do osso. Mas ao invés de anunciar soluções para o país, o que ele faz nesse dia é chamar as pessoas para a confrontação, é convocar atos contra os poderes da República, contra a democracia que ele nunca respeitou”, acusou Lula.
A primeira “fala à nação” do petista com Bolsonaro no poder ocorreu no ano passado. Na época, ele indicou uma “escalada autoritária” no país, patrocinada por Bolsonaro, e apontou a inabilidade do governo na gestão da pandemia. Na época, 126 mil pessoas já haviam morrido devido a doença. Hoje, esse número supera 580 mil mortes.
Em 2019, Lula estava na cadeia, de onde saiu em novembro.
Campanha
O ex-presidente é candidato do PT à Presidência da República na eleição do próximo ano. e o pronunciamento teve tom de campanha. Ele iniciou sua fala lembrando os feitos de seu governo.
“Tive a honra de presidir o Brasil durante oito anos. A cada 7 de setembro, eu procurava trazer uma mensagem de esperança para o povo brasileiro. Recordo que muitas vezes anunciei boas notícias nessa data, porque o Brasil naquele tempo era um país em que a vida das pessoas estava mudando para melhor”.
“A cada dia mais empregos eram criados, o salário cresciam, os jovens negros e filhos de trabalhadores chegavam à universidade. As oportunidades se abriam para quem precisava ter uma chance. Um passo de cada vez, mas sempre seguindo em frente. O 7 de setembro é um dia de compartilhar nossas conquistas: a melhoria da qualidade de vida e o crescimento que colocou o Brasil entre as seis maiores economias do mundo. Mesmo nos momentos difíceis, era o dia de levar uma mensagem de fé e esperança na construção de um país soberano e mais justo, um Brasil verdadeiramente independente”, comparou.
Confira a íntegra do pronunciamento:
“Meus amigos e minha amigas, tive a honra de presidir o Brasil durante oito anos. A cada 7 de setembro, eu procurava trazer uma mensagem de esperança para o povo brasileiro. Recordo que muitas vezes anunciei boas notícias nessa data, porque o Brasil naquele tempo era um país em que a vida das pessoas estava mudando para melhor.
A cada dia mais empregos eram criados, o salário cresciam, os jovens negros e filhos de trabalhadores chegavam à universidade. As oportunidades se abriam para quem precisava ter uma chance. Um passo de cada vez, mas sempre seguindo em frente. O 7 de setembro é um dia de compartilhar nossas conquistas: a melhoria da qualidade de vida e o crescimento que colocou o Brasil entre as seis maiores economias do mundo. Mesmo nos momentos difíceis, era o dia de levar uma mensagem de fé e esperança na construção de um país soberano e mais justo, um Brasil verdadeiramente independente.
Porque este é o papel de um Presidente da República: manter acesa a confiança no presente e no futuro, mostrar que é possível superar os obstáculos. Um presidente tem de saber somar forças e governar com esse sentimento permanente, porque é dele que vem o exemplo para o país.
Meus amigos e minhas amigas, especialmente neste 7 de setembro de um ano tão difícil, era de se esperar um gesto assim de quem está governando o país. Que ele desse uma palavra de solidariedade às famílias vítimas da pandemia e viesse anunciar um plano para garantir a vacina para todos, pondo fim a essa angústia que a população está vivendo. Era de ser esperar dele um plano para gerar empregos que desse um alento aos trabalhadores, que viesse dizer que a Petrobras vai voltar a vender gasolina pelo custo real e não mais pelo preço do dólar, porque foi essa política errada que fez disparar o preço dos combustíveis.
Que apresentasse medida para baixar o preço dos alimentos, para garantir um mínimo de dignidade a quem está na fila do osso. Mas ao invés de anunciar soluções para o país, o que ele faz nesse dia é chamar as pessoas para a confrontação, é convocar atos contra os poderes da República, contra a democracia que ele nunca respeitou.
Ao invés de somar, estimula a divisão, o ódio e a violência. Definitivamente não é isso que o Brasil espera de um presidente. Meus amigos e minhas amigas, eu não preciso dizer os números do custo de vida, do desemprego, da falta de investimento, da pandemia, da fome que voltou ao Brasil. Basta sair na rua para ver que o brasileiro está sentindo na pele a destruição do país.
Mas hoje eu estou aqui para dizer que apesar de tudo o Brasil tem jeito. Que é possível, sim, criar emprego novamente, que o salário deve crescer e ganhar a corrida contra a inflação, que é possível produzir comida saudável a preço justo para colocar na mesa das famílias outra vez. Porque o nosso povo tem toda a capacidade de recuperar esse país, de fazer o Brasil voltar a crescer e proporcionar vida com qualidade para todos.
Meus amigos e minhas amigas, o Brasil andou para trás porque o governo federal parou de investir no crescimento e nos programas que ajudam o povo. Cortaram as verbas das escolas, dos hospitais, da agricultura familiar, encolheram o Bolsa Família. E nenhum país do mundo, nenhum, vai para frente sem investimento público. Pararam as obras que geram emprego e fazem a economia crescer e, ao mesmo tempo, continuaram cobrando cada vez mais imposto do pobre do que dos ricos.
São essas injustiças que nós precisamos enfrentar novamente para colocar o Brasil de pé. Por isso, venho dizendo que a solução para o país é colocar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda.
Meus amigos e minhas amigas, a fome, a pobreza, o desemprego e a desigualdade não são mandamentos divinos. São resultados de erros que nós podemos e devemos corrigir para mudar essa situação. Mudar com coragem, com confiança na nossa gente e com democracia sempre. Eu sei que a vida nunca foi tão dura para a imensa maioria do nosso povo, mas eu aprendi a acreditar sempre na força dos brasileiros e das brasileiras.
E neste 7 de setembro, eu quero deixar registrado uma mensagem de esperança. É preciso continuar lutando para superar esse momento, como superamos tantas outras críticas no passado. Tenho fé que vamos reconstruir este país com justiça, soberania e oportunidades para nós, para nossos filhos e nossos netos. Acreditem: o Brasil tem jeito. Muito obrigado e viva o 7 de setembro!”
*Com informações do metrópoles