Ednaldo Rodrigues foi afastado da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) por decisão judicial, nesta quinta-feira, 15. A determinação partiu do desembargador Gabriel Zefiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).
“Acredito que este é o início de uma nova situação em que irá ser feita a Justiça, a continuidade de Ednaldo no cargo era incabível”, afirma a Oeste o vereador da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Marcos Dias (Podemos-RJ).
Dias foi autor da denúncia de que houve uma falsificação no documento do acordo que encerrou a ação contra Ednaldo na Justiça estadual e o manteve no poder.
Ele considera que os desmandos na CBF chegaram a uma situação insustentável. E acredita que, desta vez, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não irá anular a decisão da Justiça estadual do Rio de Janeiro.
Em janeiro de 2024, Gilmar, como relator do caso, reconduziu Ednaldo depois dele ser destituído pelo TJ-RJ, em dezembro de 2023. Em fevereiro do ano seguinte, Gilmar mediou o acordo que encerrou a disputa.
Até que Dias, que, como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, investigava acusações de assédio na CBF, se deparou com a denúncia de que houve falsificação no acordo mediado por Gilmar.
Por conta própria, o vereador obteve um laudo da perita Jacqueline Tirotti. A conclusão dela foi de que houve “impossibilidade de vinculação do punho” do ex-presidente da CBF, o coronel Antonio Carlos Nunes de Lima (um dos signatários), o que indica a adulteração do documento. Dias acrescentou.
“O material que prova todas estes desmandos são consistentes, não acredito que um ministro da alta corte deixe passar todos esses desmandos, assédio moral e sexual, malversação de verbas, a sociedade brasileira não merece isso.”
Quem assume interinamente o comando da entidade e a responsabilidade por convocar novas eleições é o vice-presidente Fernando Sarney.
Sarney, na semana passada, havia entrado na Justiça com pedidos formais para destituir Ednaldo do cargo. Ele também fez o pedido ao ministro Gilmar Mendes que, assim como o pedido da deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ), o rejeitou.
“Pelo exposto, determino: 1- o afastamento da atual diretoria da CBF; 2- que o Vice-Presidente da CBF, Fernando José Sarney, realize a eleição para os cargos diretivos da CBF, na qualidade de interventor, o mais rápido possível, obedecendo-se os prazos estatutários, ficando a seu cargo, até a posse da diretoria eleita, os poderes inerentes à administração da instituição, dispostos no art.7º do Estatuto da Entidade”, declarou o desembargador do TJ-RJ.
Ednaldo preocupado
Ednaldo Rodrigues se encontra no Paraguai, onde participou mais cedo do Congresso da Fifa e de um jantar na sede do governo.
Mesmo tendo anunciado a contratação de Carlo Ancelotti, consagrado treinador italiano – cuja chegada poderia fortalecer sua gestão – Ednaldo se mostrava preocupado com a possibilidade de sua permanência ser revertida na Justiça estadual.
Pela suspeita de falsificação, Ednaldo foi novamente destituído. O documento do acordo que encerraria as disputas, contestado agora, foi homologado por Gilmar Mendes no STF.
O tal acordo encerrava as divergências que questionavam a eleição de Ednaldo em 2022. Na ocasião, ele foi eleito por meio de um estatuto que passou por um Termo de Ajusta de Conduta (TAC).
A eleição de 2022, porém, segundo o ministro do STF, André Mendonça, foi homologada por um juiz de primeira instância, quando já havia sido enviado recurso ao TJ-RJ contra a mesma o que, portanto, a tornaria irregular.