São Paulo, Brasil
O fracasso de Messi no PSG foi o fracasso de Neymar.
O brasileiro foi o responsável pelo melhor jogador do mundo ter passado duas temporadas na França. E ter se despedido, ontem, debaixo de vaias.
Justo no período em que o argentino foi mais feliz com as cores da azul e branca que representam seu país. Ganhou a primeira competição oficial, a Copa América, no Maracanã, contra o Brasil. Quebrou o jejum de 28 anos.
E, depois, glória suprema, venceu a Copa do Catar.
Se livrando da sombra, que parecia eterna, de Maradona.
O desempenho, a comemoração, a vibração depois da conquista diante da França incomodaram alguns setores jornalísticos, que sonhavam com o terceiro título e a ascensão de Mbappé a melhor do mundo. Nacionalistas ao extremo, repórteres franceses reclamaram que teria faltado um pouco de respeito da parte de Messi ao vice-campeão.
Mas tudo foi relevado porque Neymar havia convencido o seu amigo/irmão a aceitar a proposta do PSG. Mesmo com Messi tendo propostas de Manchester City, Juventus, Bayern.
O brasileiro havia insistido que os dois não desperdiçariam nova chance de conquista da Champions League.
Lembrando que foi Neymar quem convidou e convenceu pessoalmente Messi, depois da repentina saída do Barcelona, de jogar no PSG. O sonho era formar um trio de ataque mais eficiente e vencedor que o composto com Suárez, na Espanha. Mbappé seria o terceiro elemento.
A euforia dominou a imprensa e a torcida francesa quando a família real catariana aceitou pagar 41 milhões de euros por temporada a Messi. São R$ 217 milhões. Como ele ficou dois anos, recebeu R$ 434 milhões.
A despedida protocolar de Messi, simultânea à saída de Sergio Ramos. Constrangedora
REPRODUÇÃO/PSG
O sonho de Neymar se desfez diante da briga de ego que teve com Mbappé. O francês só não foi para o Real Madrid porque teve a proposta de ser absoluto em Paris. A recepção a Messi por parte da egocêntrica estrela acabou não sendo tão calorosa quanto o argentino esperava. Não houve o encaixe, a parceria que os dois sul-americanos tinham com Suárez, também representante do continente.
As duas eliminações da Champions foram veneno para Messi. A primeira, diante do Real, antes da Copa do Mundo. E, depois, a pior, contra o Bayern, já com a conquista do Mundial do Catar.
Os dois campeonatos franceses e a Copa da França não foram levados em consideração nos dois anos de Messi em Paris.
Nem os 32 gols e 34 assistências, em 75 partidas, que seriam impressionantes para qualquer atleta, comoveram os franceses.
As vaias dos torcedores vieram de vez com a antecipação de que não continuaria no clube.
Sua despedida, ontem, no Parque dos Príncipes, foi constrangedora.
Vaias, palavrões quando seu nome foi anunciado no estádio. A participação desanimada, na derrota para o Clermont, por 3 a 2. No fim da partida os jogadores do PSG se reuniram e posaram para fotos com Messi. Forçado, artificial, constrangedor.
Recuperando-se de operação nos ligamentos do tornozelo direito, Neymar postou.
Palavras que merecem ser lidas como uma confissão.
“Irmão… não saiu como pensávamos.
“Mas tentamos de tudo.
“Foi um prazer compartilhar mais dois anos com você.
“Boa sorte na sua nova etapa e seja feliz.
“Te amo.”
Messi sabe que Neymar realmente tentou tudo para que o reencontro dos dois fosse histórico, marcante, épico. E foi frustrante.
“Obrigado, Ney!
“Apesar de tudo, é isso que fica, voltamos a desfrutar de jogar juntos e conviver no dia a dia.
“Te desejo o melhor.
“Além de ser craque, é uma pessoa linda, e isso é o que vale no final.
“Te adoro muito.”
REPRODUÇÃO/TWITTER
Agora, aos 35 anos, Messi está entre o coração e o bolso.
O Al-Hilal oferece nada menos do que 400 milhões de euros por temporada.
R$ 2,1 bilhões.
Se ele quiser, uma, ou até duas.
O Barcelona acena com uma.
Pagando muito menos.
Trinta milhões de euros, R$ 159 milhões.
Isso com o Barcelona convencendo a Federação Espanhola de dar seu aval, já que o clube está R$ 200 milhões acima do limite de gastos permitidos aos clubes.
A diferença é gritante, absurda.
Messi ainda não deu sua resposta definitiva.
Sobre ele, só há uma certeza.
A do fracasso no PSG.
Fracasso que é seu.
E de Neymar…