Brasil – Em um movimento surpreendente que pode redefinir o cenário do crime organizado no Brasil, o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) parecem ter chegado a um acordo de paz após anos de conflito sangrento.
A trégua, anunciada através de comunicados nas redes sociais, sugere uma união estratégica com o objetivo de pressionar o governo brasileiro a flexibilizar as regras do Sistema Penitenciário Federal (SPF).
O primeiro sinal desta nova aliança veio através de um comunicado do CV do Amazonas, datado de 11 de fevereiro de 2025:
“COMUNICADO CV-RL-AM11/02/2025 *PRIMEIRAMENTE (CV-RL-AM) SAUDAMOS A TODOS OS IRMÃOS (A) COM UM FORTE E RESPEITOSO ABRAÇO. VIEMOS ATRAVÉS DESTE INFORMAR A TODOS NOSSOS IRMÃOS (A) E COMPANHEIROS QUE A PARTIR DE HOJE11/02/2025 ESTÁ SENDO PROÍBIDO ATAQUES CONTRA O PCC, DEVIDO NOSSOS IRMÃOS DA VOZ FINAL ESTÁ EM NEGOCIAÇÃO SOBRE UMA POSSÍVEL TRÉGUA DE PAZ EM TODOS OS ESTADOS, ENTÃO NO AM PEDIMOS QUE TODOS OS IRMÃOS PEGUEM CIÊNCIA E NÃO VENHA AGIR CONTRA O PCC ATÉ A SEGUNDA ORDEM, EM BREVE IREMOS TRAZER MAIS ESCLARECIMENTOS SOBRE A NEGOCIAÇÃO”
Em resposta, o PCC de São Paulo divulgou um comunicado no dia seguinte, 12 de fevereiro de 2025, confirmando a trégua:
“COMUNICADO GERAL PCC/SP VINHEMOS AQUI ATRAVÉS DESSE COMUNICADO DEIXAR BEM CLARO, QUE A PARTIR DE HOJE 12/02/2025 A NOSSA ORGANIZAÇÃO ESTÁ EM ACORDO COM O COMANDO VERMELHO. QUERO DEIXAR CIENTE QUE NENHUM IRMÃO (A) FAÇA COISA DA CABEÇA CONTRA O COMANDO VERMELHO. ESTÁ PROIBIDO QUALQUER TIPO DE MORTE EM TODOS OS ESTADOS QUE SE ENCONTRAM NOSSA ORGANIZAÇÃO DO 1533… A PAZ ESTÁ DE ACORDO. ATÉ ORDENS VINDO CIMA”
A motivação por trás desta união é clara: os líderes de ambas as facções, confinados em penitenciárias federais de alta segurança, estão buscando formas de aliviar as restrições severas sobre comunicações e visitas. A cooperação entre CV e PCC visa não apenas melhorar as condições de seus líderes, mas também diminuir a violência tanto dentro das prisões quanto nas ruas, onde a guerra pelo controle de territórios e rotas de tráfico tem sido brutal.
O histórico de ambas as organizações é longo e complexo. O Comando Vermelho, originado no Rio de Janeiro em 1979, e o PCC, fundado em São Paulo em 1993, começaram como movimentos de resistência carcerária. A aliança entre eles durou até 2016, quando divergências internas sobre controle territorial e prisional levaram a uma violenta ruptura, marcada por eventos trágicos como o massacre de Manaus em 2017, onde 56 detentos foram assassinados.