Uma das inovações mais surpreendentes da política externa de Lula em 2023 foi o anúncio, em plena COP-28 – quando o Brasil estava tentando convencer o mundo de que seu programa de transição energética era para valer – de que ele também estava se tornando um país associado à OPEP, a organização dos países produtores de petróleo, dominada pelos grandes exportadores árabes de óleo cru. Paralelamente, se anunciou também que a Petrobras estava dando início a novas perfurações tentativas na faixa equatorial do Atlântico Norte e na própria Amazônia. Como diriam alguns, uma no cravo, outra na ferradura; ou seja, a despeito de apregoar seu engajamento na redução do recurso a combustíveis fósseis, para combater o aquecimento global, o Brasil estava igualmente dando consistência a seu novo status de grande produtor e exportador de petróleo.
Mas, o que significa essa “associação” – diferente de ser membro pleno – a uma organização que pretende justamente dar continuidade a um cartel de países produtores cujo primeiro compromisso é com a manutenção dos preços mais altos possíveis, conscientes de que a miragem da substituição dos combustíveis fósseis por equivalentes “sustentáveis” não passa mesmo, no futuro previsível, de uma grande miragem? A OPEP foi fundada por tão somente quatro grandes países produtores do Oriente Médio mais a Venezuela, num momento, em 1960, em que “preço da energia” era um conceito raramente utilizado pelos economistas. O preço do barril se manteve estável por décadas desde o final da Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos ainda eram responsáveis por mais da metade da produção e da exportação mundiais.
Na verdade, os preços não ficaram estáveis; eles caíram sistematicamente, quando ajustados à inflação: o preço mundial do petróleo foi menor em 1950 do que era nos anos 1940, menor em 1960 do que tinha sido nos anos 1950 e ainda menor em 1970 do que era na década de 1960. O preço do petróleo era tão barato que não havia nenhum motivo para usá-lo de modo mais eficiente, um dos motivos pelos quais a indústria americana de automóveis ainda produzia, nos anos 1970, enormes “banheiras” bebedoras de gasolina, tendo sido duramente desafiada pelos…
*Com informações oantagonista