Os candidatos à Presidência da República se encontraram, neste sábado (24/9), no debate do SBT. Dos sete postulantes ao Palácio do Planalto convidados para o evento, seis estiveram presentes. O embate foi marcado por duras críticas a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o único convidado a não comparecer.
Durante as mais de duas horas, os postulantes ao Palácio do Planalto, em muitos momentos, alteraram o tom e trocaram farpas. Em alguns momentos, o apresentador e mediador Carlos Nascimento teve de interferir para manter a organização do evento.
Veja como foi:
1º bloco
O primeiro bloco do debate do SBT foi marcado por ataques ao ex-presidente Lula, único convidado que não compareceu ao evento. Ciro Gomes afirmou que o petista não foi ao evento por estar “de salto alto e achar que já ganhou”.
O púlpito do ex-presidente ficou vazio, e Soraya Thronicke disse que Lula faltou o debate como “quem falta a uma entrevista de emprego”.
Padre Kelmon, candidato que entrou na corrida após a saída de Roberto Jefferson, defendeu pautas conservadoras, e questionou Ciro sobre aborto, que afirmou que a discussão cabe ao Congresso.
Os candidatos também questionaram Jair Bolsonaro sobre denúncias de corrupção. O mandatário se irritou ao ser chamado de corrupto por Thronicke e pediu direito de resposta, que foi negado. Thronicke fez a afirmação após ser questionada por Ciro sobre seu posicionamento pró-Bolsonaro nas últimas eleições:
“O meu sentimento é de decepção e tristeza. Eu acreditei, mas ele abandonou essas bandeiras. Eu continuo com elas e ele traiu nosso partido. A pergunta tem que ser para ele: por que ele traiu a nação brasileira?”, disse Thronicke.
O debate foi uma parceria entre o SBT e o pool de veículos formado por Estadão/Rádio Eldorado, CNN, Terra, Veja e Rádio Nova Brasil. Os participantes foram definidos com base no número mínimo de deputados federais (cinco) eleitos pelos partidos.
2º bloco
No segundo bloco do debate no SBT, presidenciáveis responderam perguntas de jornalistas sobre polêmicas do governo Bolsonaro, como o Orçamento Secreto.
Jair Bolsonaro, o primeiro a falar no bloco, elogiou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Kassio Nunes Marques e André Mendonça, e afirmou que “a judicialização feita contra o Executivo é clara”. Ciro Gomes comentou a fala do presidente, e disse que o Brasil passa por uma “baderna institucional”, por “falta de autoridade”.
Simone Tebet e Soraya Thronicke, acusadas pelo mandatário de terem votado pela derrubada do veto ao Orçamento Secreto, criticaram Bolsonaro. Enquanto Tebet acusou o presidente de ser o “Pinóquio”, Thronicke afirmou que ele não deve “cutucar onça com sua vara curta”.
No bloco, Padre Kelmon voltou a defender pautas conservadoras, e afirmou que ele e Bolsonaro são os únicos candidatos de direita. “Estou só observando a fala de cada um. Antes, eram cinco contra um. Agora, são cinco contra dois, porque nós somos candidatos de direita”, afirmou.
3º bloco
O tema da corrupção foi foco do terceiro bloco do debate. Felipe D’Ávila iniciou a etapa perguntando ao presidente Bolsonaro como ele pretendia tirar a corrupção das manchetes. O mandatário, no entanto, negou que haja escândalos em sua gestão:
“Não tem escândalo de corrupção no meu governo. Quando vê, é coisa fajuta: ‘ah, tentaram fazer esquema de vacina’, mas nada foi provado. Isso ocorre porque não aceito indicação político-partidária para os ministérios, para a Caixa…”
Ciro Gomes também focou no tema e confrontou Bolsonaro ao falar da “roubalheira” de seus filhos. O candidato ainda citou que o atual governo entrou em uma crise “do mesmo modelo” dos governos do PT.
Simone Tebet e Soraya Thronicke comentaram temas ligados à economia. Thronicke apontou que o mandatário não protegeu o mercado interno ao criticar chefes de estado do exterior, como Macron, e abalar relações internacionais.
Já Tebet propôs soluções para diminuir o preços de alimentos: “É isso que eu proponho, um governo parceiro da iniciativa privada. Que vai desonerar o imposto lá na cesta básica, para que o pobre não pague o mesmo que o rico.”
Padre Kelmon reafirmou seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro: “Cinco partidos se juntaram para bater em um Presidente da República. Vocês só enxergam maldade, corrupção”. O candidato também acusou Simone Tebet de ser a favor da legalização do aborto por ela ser feminista. “Como presidente, apoiará o assassinato de bebês no ventre de suas mães?”, questionou o padre.
4º bloco
O quarto bloco do debate foi voltado a propostas dos candidatos. Sobre economia – principal pauta de D’Ávila – o candidato afirmou que o atual governo “não tem nada de liberal”. “Onde estão as privatizações?”, questionou.
Tebet voltou a defender a educação como prioridade de seu governo, e pontuou uma de suas principais propostas – criar um fundo para estudantes retirarem após se formarem.
Thronicke, ao ser questionada sobre a aparente contradição da candidata em defender o porte de armas e defender o direito das mulheres, afirmou que “não é uma farra do armamento”, mas que as mulheres possam “se equalizar e evadir o lar”.
Ao ser questionado sobre sua posição em relação à política de cotas, Padre Kelmon disse que trata-se de uma política para “ajudar o brasileiro a odiar o próprio brasileiro”. Em resposta, Thronicke não comentou a fala de Kelmon, mas afirmou que manterá a lei de cotas e isentará os professores do imposto de renda.
Bolsonaro respondeu a perguntas sobre a violência de apoiadores de seu governo contra petistas. Ele afirmou que diminui em peso as mortes violentas no país, mas que não pode ser responsabilizado por esses casos. “Se as pessoas brigam em meu nome, eu lamento muito, e sua pergunta foge do jornalismo minimamente responsável. Eu defendo as mulheres, de fato, e não da boca para fora”, concluiu o candidato do PL.
Nas considerações finais, os candidatos pediram votos e voltaram a ressaltar suas principais propostas em um eventual mandato de presidente da República.
*Com informações Metrópoles