O empresário Edson Ribeiro da Silva Júnior, proprietário da empresa E R DA SILVA JUNIOR LTDA (CNPJ 34.036.901/0001-55), está no centro de uma série de denúncias que apontam supostas irregularidades em contratos milionários firmados com prefeituras do interior do Amazonas. Com capital social declarado de R$ 500 mil e sede registrada em uma sala comercial sem estrutura física aparente em Manaus, a empresa de Edson acumulou contratos que ultrapassam os R$ 6 milhões entre 2022 e 2024.
Durante a gestão do ex-prefeito Paulo Ruan Portela Mattos, a empresa firmou seis contratos com a Prefeitura de Envira, totalizando R$ 3.955.039,60. Os acordos envolvem o fornecimento de ambulâncias, veículos, equipamentos de saúde e serviços de locação.
Contratos com outras prefeituras também levantam suspeitas
A atuação da empresa se estende a outros municípios amazonenses. Em Iranduba, sob a gestão de José Augusto Ferraz de Lima, a E R DA SILVA JUNIOR LTDA venceu licitação para fornecer quatro ambulâncias, no valor global de R$ 1.580.000,00, contrato publicado no Diário Oficial dos Municípios do Amazonas em 28 de março de 2023. Já em 2024, a mesma empresa firmou contrato de R$ 149.000,00 para fornecer um veículo utilitário 0km à Vigilância Sanitária do município.
Em Humaitá, no ano de 2022, a empresa foi contratada via adesão à ata de registro de preços da Prefeitura de Envira, para a locação de veículos com motorista, beneficiando diversas secretarias municipais. No mesmo ano, em Novo Airão, a gestão de Roberto Frederico Paes Junior firmou dois contratos com a empresa: um de R$ 961.954,00 e outro de R$ 350.550,00, ambos para locação de veículos.
Ambulâncias superfaturadas e sede de fachada
Uma denúncia recebida pelo Portal Alex Braga afirma que a ambulância fornecida à Prefeitura de Envira teria sido superfaturada e não atenderia plenamente aos requisitos técnicos exigidos no edital. A fonte, que preferiu não se identificar, aponta que outra empresa teria apresentado proposta técnica e financeira superior, mas foi desclassificada sem justificativa plausível.
Segundo o denunciante, a empresa de Edson Ribeiro funciona apenas em uma sala comercial vazia, sem estrutura para armazenar ou fornecer veículos, o que desrespeitaria os critérios estabelecidos nos processos licitatórios. “Eles não têm máquinas, não têm caminhonetes… no máximo uns dois carros populares. Emitiram notas fiscais com valores altíssimos por veículos que nem são deles”, afirmou a fonte.
Esquema com empresas ‘laranjas’ e contratos em nome de terceiros
As denúncias também indicam a existência de empresas de fachada ou ‘laranjas’ supostamente utilizadas por Edson para ampliar sua atuação em contratos públicos. Entre elas estão a GSF Inovações LTDA (CNPJ 34.164.779/0001-00) e a A S R Locação de Veículos LTDA (CNPJ 10.632.838/0001-51), ambas registradas no mesmo endereço.
A GSF, que inicialmente estava em nome de George Freitas – apontado como laranja de Edson –, passou a ter como sócios Lidiane Rocha Fernandes e Elias Salomão Bento Moreira, conforme registro na Receita Federal. A empresa, segundo a denúncia, atua na terceirização de mão de obra, mas sem estrutura visível para os serviços prestados.
Já a A S R Locação, ligada a Antônio da Silva Rocha (o “Rocha”), também teria vencido licitações milionárias, especialmente para locação de veículos e equipamentos pesados, levantando suspeitas de conluio com a empresa principal de Edson Ribeiro.
Contratos milionários e irregularidades aparentes
A relação da empresa com o município de Envira envolve contratos com as prefeituras em valores expressivos:
- Aquisição de ambulância – R$ 328.000,00
- Veículos para o CREAS – R$ 199.980,00
- Locação de vans – valores diários acima da média de mercado
- Materiais para UBS – R$ 71.000,00
- Canoas e motores – R$ 99.959,60
Outro contrato citado na denúncia envolve a empresa E. O. Souza & Cia LTDA (CNPJ 37.065.611/0001-28), que firmou acordo de R$ 2.250.595,90 com a Prefeitura de Envira para obras de pavimentação. Embora o vínculo direto com Edson não tenha sido formalmente comprovado, há indícios de que o suposto sobrinho do empresário, Esau Oliveira, seria sócio-laranja da empresa, que tem endereço registrado em Maués e abriga, segundo a denúncia, uma clínica médica sem relação com os serviços contratados.
“A empresa é fantasma. Não tem estrutura nenhuma para cumprir contratos desse porte. É tudo para desviar dinheiro público com cobertura política”, reforça o denunciante.
O lado dos empresários
O empresário Edson Ribeiro da Silva Júnior, proprietário da empresa E. R. da Silva Júnior Ltda., negou qualquer tipo de favorecimento na conquista de licitações públicas. Procurado pelo Núcleo de Reportagem Investigativa do Portal Alex Braga, ele afirmou que sua empresa, especializada em locação de veículos, participa de certames de forma transparente e dentro da legalidade.
“As licitações são públicas, algumas vencemos, outras não. Quando ganhamos, prestamos o serviço e pagamos todos os impostos devidos. Denúncias surgem, especialmente no setor de licitações, mas estamos aqui para esclarecer tudo. Nossa empresa é idônea e atua com responsabilidade. Ressalto que sou proprietário de apenas uma empresa e todas as vitórias em licitações foram legítimas”, declarou.
Edson também foi questionado sobre supostas ligações com outras duas empresas do setor: GSF Inovações Ltda., anteriormente registrada em nome do empresário George Freitas, e A. S. R. Locação de Veículos Ltda., cujo proprietário é Antônio da Silva Rocha.
“A A. S. R. Locação de Veículos Ltda. está no mercado há mais de 20 anos e é nossa concorrente direta. Conheço o senhor Antônio, proprietário da empresa, mas não temos qualquer vínculo societário ou comercial. Quanto ao empresário George Freitas e sua empresa, não os conheço”, afirmou.
Já o empresário Antônio da Silva Rocha informou que todas as licitações são públicas, com portais habilitadores para os interessados se habilitarem e participarem dos pregões. “Se há favorecimentos desconheço, pois o único favorecimento ofertado são os menores preços que ganham os devidamente habilitados e cumprem as exigências edilícias”, disse.
O empresário George também foi procurado, mas até a publicação desta reportagem não obtivemos respostas. O espaço segue aberto para esclarecimento.
*Com infprmações portaldoalexbraga
