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CONTRA CENSURA: André Mendonça deve divergir no STF e exigir ordem judicial para remover conteúdo das redes

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Supremo julga responsabilização de plataformas por conteúdos publicados; posicionamento de André Mendonça diverge dos três votos já apresentados, por Barroso, Fux e Toffoli

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça deve votar para manter a necessidade de ordem judicial para que uma rede social seja obrigada a remover publicações. Em dezembro passado, o ministro pediu vista do julgamento, que já tem três votos contrários.

Segundo interlocutores da Corte, Mendonça sinalizou que vai defender as regras atuais, a liberdade de expressão dos usuários das redes e divergir dos três colegas que já votaram: Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli e Luiz Fux. O debate acontece em meio à ameaça do governo norte-americano de aplicar sanções ao ministro Alexandre de Moraes por decisões contra as plataformas.

O julgamento do plenário recomeçará com o voto de Mendonça. A expectativa é que o ministro apresente um voto longo, de cerca de 130 páginas, e leia todo o documento, prática que ele não costuma adotar.

Na visão de Mendonça, externada a interlocutores da Corte, publicações ilegais específicas devem ser removidas por ordem judicial, em vez de perfis de usuários como um todo. O ministro é crítico do bloqueio de perfis em redes sociais. O expediente, já usado por Moraes em decisões, é classificado pelas big techs como censura prévia e contrário à liberdade de expressão.

O que o STF está julgando

Os ministros do STF analisam trechos do Marco Civil da Internet, aprovado em 2014. A regra atual é que as redes só podem ser responsabilizadas se descumprirem uma ordem judicial de exclusão de conteúdo.

Os três votos já apresentados

Em linhas gerais, Toffoli, Fux e Barroso defenderam impor mais obrigações às empresas pelos conteúdos publicados, sem a obrigatoriedade de uma decisão da Justiça em cada caso.

Barroso divergiu de Toffoli e Fux em um ponto: votou para manter a necessidade de uma ordem judicial para a remoção de mensagens com supostos crimes contra a honra, isto é, calúnia, injúria e difamação.

Tema dominou a semana

A discussão da responsabilização de redes sociais teve lances importantes ao longo da última semana. Na segunda-feira, 26, Mendonça devolveu o julgamento das redes para o plenário. No mesmo dia, a Advocacia-Geral da União pediu uma decisão urgente do Supremo contra violência e desinformação nas plataformas.

Na quarta-feira, 28, o governo dos Estados Unidos anunciou que vai restringir a concessão de visto a “autoridades estrangeiras e pessoas cúmplices na censura de americanos”, o que foi lido nos mundos jurídico e político como um recado ao ministro Alexandre de Moraes.

Na quinta-feira, 29, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, marcou a retomada do julgamento sobre o Marco Civil da Internet. O plenário voltará a analisar o tema na próxima quarta-feira, 4, com o voto de Mendonça, que devolveu o caso.

Governo Lula prepara projeto sobre redes

Em paralelo, o governo Lula tem preparado um projeto de lei sobre a regulação das redes sociais. Mais amplo do que propor o combate a fake news, tentativa anterior da gestão petista, o texto deve também sugerir ao Congresso medidas para proteger crianças e adolescentes de crimes na internet.

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