A Conmebol anunciou na noite deste domingo que a Copa América deste ano, com início marcado para 13 de junho, não será mais realizada na Argentina. Diante da intensificação da pandemia da Covid-19, com as autoridades locais se posicionando contra a realização do torneio, a confederação ficou sem escolha e optou pela suspensão da organização dos jogos no país. E agora estuda onde realizá-los.
Não está descartado o cancelamento da competição. O conselho da entidade se reunirá de forma emergencial na manhã desta segunda-feira, às 9h (de Brasília), quando deve haver novidades sobre o torneio. A prioridade é encontrar uma solução que não seja o cancelamento, buscando um local viável para a realização dos jogos.
– A Conmebol informa que, em atenção às circunstâncias presentes, resolveu suspender a organização da Copa América na Argentina. A Conmebol analisa a oferta de outros países que mostraram interesse em abrigar o torneio continental. Em breve serão anunciadas novidades nesse sentido.- disse a confederação em comunicado nas redes sociais.
Pouco antes do comunicado da Conmebol, o ministro do Interior da Argentina, Wado de Pedro, havia concedido declarações públicas indicando que a organização da Copa América no país seria inviável. Ele apontou que era “conveniente” que o país deixasse de ser sede da competição para pensar na saúde da população.
– Estive conversando com o presidente a respeito das situações sanitárias das distintas jurisdições. analisamos em particular a situação epidemiológica de Mendonza, Córdoba, Buenos Aires, Tucumán e Santa Fé, e algumas delas são sedes para que a Copa América. Até hoje são sedes, mas do nosso diagnóstico sanitário vemos como muito difícil que se possa jogar na Argentina – disse Pedro.
Colômbia já havia deixado de ser sede
A inviabilidade da realização da Copa América na Argentina deixa a Conmebol em situação complicada, uma vez que a Colômbia, outro país-sede original, também havia deixado a organização da competição em meio aos intensos problemas sociais vividos pelo país nas últimas semanas, com ondas de protestos. A saída da Colômbia do torneio foi oficializada há apenas 10 dias e, desde então, a Conmebol vinha procurando soluções para o torneio.
Os governos do Equador e da Venezuela enviaram propostas oficiais à Conmebol para receberem os jogos que seriam na Colômbia na Copa América deste ano. Além dos dois países, o Chile também surgiu como um candidato informal para compartilhar o torneio com a Argentina.
A Conmebol já estimava que, sem público e sem a participação das convidadas Austrália e Catar, o torneio daria um prejuízo de US$ 30 milhões. Caso não seja organizada, a competição causaria ainda maior dano financeiro à confederação sul-americana.
A Conmebol considera que a chance de levar o torneio para os Estados Unidos é zero, uma vez que não haveria tempo para organizar a logística, incluindo emissão de vistos para as delegações. Além das restrições sanitárias no país norte-americano, pesa contra esta hipótese a relação entre a Conmebol e a Concacaf, que está estremecida desde a Copa América Centenário, em 2016, que ainda tem questões comerciais em aberto até hoje.
No mês passado, a Conmebol havia anunciado um aumento na premiação da Copa América, com o campeão passando a faturar US$ 10 milhões (cerca de R$ 57 milhões), além dos US$ 4 milhões (quase R$ 23 milhões) que cada seleção recebe por participar do torneio. Na edição anterior, disputada em 2019 no Brasil, o campeão levou US$ 7,5 milhões.
Enquanto isso, as equipes participantes do torneio começaram a se reunir na semana passada, em preparação para jogos das eliminatórias da América do Sul – mas também de olho na Copa América. É o caso da seleção brasileira, que vem trabalhando na Granja Comary desde a última quinta-feira. A comissão técnica aguardava uma definição sobre onde os jogos ocorreriam até a próxima terça – mas ainda quando a Argentina estava confirmada como uma das sedes.