Após a morte, os ritos funerários e o sepultamento de Francisco, o Colégio dos Cardeais realizará o processo para a escolha de um novo papa: o Conclave.
O termo vem do latim cum clave (“com chave”), indicando que os cardeais ficam “trancados” e só podem deixar o Vaticano quando um novo pontífice for escolhido.
A votação ocorre na Capela Sistina, que recebeu o Conclave pela primeira vez em 1492 e desde 1878 é a sede fixa do processo.
O processo normalmente tem início 15 dias após a morte do papa, mas esse prazo pode ser estendido para até 20 dias para permitir a chegada de cardeais à Cidade do Vaticano.
A abertura do Conclave é marcada por uma grande cerimônia na Basílica de São Pedro, onde ocorre a missa “Pro Eligendo Pontifice” (“Missa pela Eleição do Papa”). Depois da solenidade, os cardeais devem fazer o juramento das normas do Conclave, convocado pelo camerlengo – atualmente o cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell – e decidem se realizam ou não uma primeira votação.
Assim que chegam à capela e se acomodam em lugares pré-determinados, os cardeais recebem a ordem “Extra omnes” (todos fora) e as portas da Capela Sistina são fechadas.
De início, alguns cardeais são escolhidos para auxiliar no processo do Conclave como escrutinadores, revisores ou enfermeiros (infirmariis), por meio de sorteio. Ao todo, são realizadas três rodadas para determinar essas funções: na primeira, são escolhidos os três escrutinadores, na segunda os três revisores e na terceira e última rodada os três infirmariis ou enfermeiros.
Os escrutinadores são responsáveis por contar os votos e queimar as cédulas ao fim de cada votação; os revisores acompanham o trabalho dos escrutinadores e verificam a precisão da contagem das cédulas; enquanto os enfermeiros (infirmariis) coletam os votos dos cardeais que estão enfermos durante o Conclave e, por isso, não conseguem ir à Capela Sistina.
A partir do segundo dia, os cardeais participam de até quatro rodadas de votação por dia, sendo duas na parte da manhã e duas na parte da tarde.
Cada cardeal eleitor recebe folhas de papel para a votação. Uma delas é a cédula, que vem acompanhada do escrito “Eligo in Summum Pontificem” (“Elejo como sumo pontífice”), onde deve ser escrito o nome do candidato de cada cardeal. Não é permitido o voto em si mesmo no Conclave.
A cédula é dobrada ao meio e o cardeal caminha até o altar, onde o voto é depositado em uma bandeja de prata e despejado em uma urna, posteriormente.
Um segundo papel é entregue com os nomes de todos os cardeais votantes. Ele auxilia na contagem dos votos pelos três escrutinadores.
Fumaça branca surge da chaminé da Capela Sistina na segunda jornada do Conclave, na cidade do Vaticano, em 2013. Foto: EFE/Alessandro Di Meo (Foto: EFE/Alessandro Di Meo)
Ao final de cada contagem, as cédulas são queimadas com a adição de produtos químicos para indicar o resultado à multidão que aguarda do lado de fora. Se a fumaça que sai da chaminé é preta, quer dizer que um novo papa ainda não foi escolhido; a fumaça branca indica que houve uma definição.
Atualmente, o Colégio dos Cardeais tem 252 membros, mas apenas aqueles com menos de 80 anos de idade podem votar no Conclave. O limite é de 120 votantes, mas desde que essa regra foi implantada, em 1975, foram abertas exceções.
Segundo o Vaticano, dos 252 cardeais atuais, 149 foram nomeados por Francisco. Já entre os 138 com menos de 80 anos (portanto aptos a participar de um conclave), 110 foram escolhidos por ele.
A votação é repetida por dois dias, seguindo as instruções do Vaticano. Se não houver um eleito nesse período até o terceiro dia, ocorre uma pausa do Conclave por 24 horas, para dedicado à oração e contemplação.
Em tese, qualquer homem batizado católico pode ser eleito papa, mas o colegiado geralmente escolhe um dos seus membros para o cargo: apenas seis não cardeais foram eleitos papas na história da Igreja e a última vez que isso ocorreu foi em 1378, quando Urbano VI foi escolhido.
Para ser eleito papa, o nome mais votado precisa receber dois terços dos votos. Da 34ª votação em diante, só podem ser votados os dois nomes que receberam mais votos na rodada anterior. Em 2013, Francisco foi eleito na quinta votação.
Quando um vencedor consegue os dois terços dos votos para se tornar papa, o cardeal protodiácono, hoje o francês Dominique Mamberti, de 73 anos, chama o candidato para a frente da Capela Sistina e pergunta se ele aceita o cargo. Se a resposta é afirmativa, o escolhido deve informar por qual nome deseja ser chamado.
Em seguida, o novo papa é conduzido à Sala das Lágrimas, onde veste seus trajes papais. Depois, apresenta-se para a multidão reunida na Praça de São Pedro.
Nesse momento, é proferida a tradicional mensagem: “Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam!” (“Anuncio-vos com grande alegria que temos um papa!”).