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Como a variante Delta alterou a retomada nas grandes cidades

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 A dispensa do uso de máscaras contra a Covid-19 em capitais pelo mundo, como Nova York, Tel Aviv e Paris, sinalizaram a retomada de rotina sem as restrições impostas pela pandemia.

O otimismo, contudo, que começava a se propagar em países com campanhas avançadas de vacinação, deu espaço à cautela, diante da propagação da variante Delta.

Tel Aviv, Israel
Uso de máscaras foi dispensado em abril na cidade de Tel Aviv (19/04/21)Amir Levy/ Getty Images

Na cidade de Nova York houve queima de fogos de artifício, em 19 de maio, para celebrar a redução significativa das restrições contra a Covid-19 – entre as quais, o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras para pessoas imunizadas com vacina (com exceção do transporte público e de escolas).

Paris também estava em clima de comemoração em 17 de junho quando o governo francês desobrigou o uso de máscaras em ambientes abertos, exceto em situações específicas, como filas, transportes públicos, feiras livres e arquibancadas.

“Foi uma liberação extremamente precipitada”, enfatiza Leonardo Weissmann, médico infectologista do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Imunidade coletiva
Paris cidade pandemia
s reabriram em maio, depois de 6 meses (19/05/2021)Kiran Ridley/Getty Images

Na avaliação do especialista, a chamada imunidade coletiva – apontada como um estágio de proteção contra um vírus suficiente para impedir sua propagação – é alcançada com 80% da população imunizada.

No último dia 27 de julho, o Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) do governo americano voltou atrás e recomendou que a população voltasse a usar máscaras em ambientes fechados.

“A variante Delta veio azedar nosso leite. Tudo parecia bem, parecia que nos aproximávamos da luz no fim do túnel. Mas ela veio para mostrar que a gente precisa de um tempo a mais para controlar a pandemia”, pontua Raquel Stucchi, professora da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Delta nos EUA
Nathália Brandão com a filha Valentina falam sobre uso da máscara
Máscaras funcionam como uma barreira física para a liberação de gotículas no arHugo Barreto/Metrópoles

A docente avalia que alguns países, com destaque para os Estados Unidos, erraram na avaliação sobre o momento de flexibilizar as normas. “O que mais precisamos neste momento é que a vacinação seja acelerada. Vemos claramente o impacto da variante Delta nos EUA. Quem não se vacinou apresenta casos mais graves, com registros de hospitalização e até de mortes”, frisa Raquel Stucchi.

Nos Estados Unidos, a vacinação com duas doses ou imunizante de dose única alcançaram metade da população. E, com a variante Delta, a propagação do coronavírus que parecia controlada voltou a ter aumento acelerado.

Em apenas duas semanas, o número diário de infecções pelo coronavírus cresceu mais de 100% no território americano. Subiu de 50.150 casos, registrados em 23 de julho, para 100.199 no dia 5 de agosto. No mesmo período, a quantidade diária de mortes chegou a 439 – aumento de 74% em 14 dias.

A utilização da máscara para evitar o contágio do coronavírus é obrigatória, mas multa ainda não é cobrada
A utilização da máscara para evitar o contágio do coronavírus é obrigatória, mas multa ainda não é cobradaHugo Barreto/Metrópoles
Retomada no Brasil

O Brasil registrou na última sexta-feira (13/8) um total de 926 óbitos por Covid-19 em 24 horas. Como esse número, o país se manteve por 14 dias seguidos abaixo da marca de 1 mil mortes diárias. Em maio de 2021, a quantidade girava em torno de 1.900 falecimentos por dia.

Weissman avalia que o exemplo de outros países deve servir como referência para a retomada nas cidades brasileiras. “Não podemos de maneira alguma parar com o distanciamento social e o uso de máscaras”, alerta o infectologista do Emílio Ribas.

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