Os cientistas desenvolveram o laser mais intenso já criado. O feixe de luz fornece impressionantes 10²³ W/cm², uma intensidade equivalente a concentrar toda a luminosidade do Sol em uma área do tamanho de uma pequena mesa de escritório. E sim, a mesa seria totalmente dizimada nessas condições.
A conquista, relatada na revista científica Optica, é uma melhoria 10 vezes mais surpreendente em relação à maior intensidade anterior alcançada em 2004, na Universidade de Michigan. A criação de um feixe de laser ultra-intenso requer duas coisas cruciais. Você precisa de um laser muito poderoso e ser capaz de focalizá-lo em uma área muito pequena. A equipe do Centro de Ciência Relativística do Laser (CoReLS) do Instituto de Ciências Básicas (IBS) da Coréia do Sul conseguiu fazer as duas coisas.
Eles usaram um laser pulsante com uma potência de 4 petawatts (1.015 ou 1.000 trilhões de watts). Isto o torna um dos mais poderosos do mundo e os pesquisadores já imaginam algo 1.000 vezes mais poderoso.
Criar lasers poderosos já é um enorme feito, mas concentrar o laser em uma área pequena é um feito maior ainda. O feixe de laser precisa ser livre de quaisquer distorção porque mesmo uma pequena distorção teria um grande efeito. A equipe usou um espelho parabólico fora do eixo para concentrar um feixe de laser de 28 centímetros em uma área de cerca de 1,1 mícron de diâmetro. Essa área é menor do que a superfície de uma bactéria como a E. coli.
Mesmo com toda a configuração altamente sofisticada, a turbulência do ar e o direcionamento do feixe foram capazes de alterar a intensidade do pico em cerca de 20 por cento. Essa variação tem uma intensidade duas vezes mais forte que o laser de 2004 da Universidade de Michigan. Essa conquista não é emocionante apenas do ponto de vista técnico. A criação de um laser tão intenso pode permitir a investigação de fenômenos físicos extremos no limite da física de partículas e da astrofísica.
“Este trabalho mostrou que o laser CoReLS PW é o laser mais poderoso do mundo”, disse o professor Nam Chang Hee, diretor do CoReLS, em um comunicado. “Com a maior intensidade de laser alcançada até hoje, podemos enfrentar novas áreas desafiadoras da ciência experimental, especialmente a eletrodinâmica quântica de campo forte (QED), que tem sido tratada principalmente por teóricos. Podemos explorar novos problemas físicos de espalhamento elétron-fóton (espalhamento Compton) e espalhamento fóton-fóton (processo Breit-Wheeler) no regime não linear. Este tipo de pesquisa está diretamente relacionado a vários fenômenos astrofísicos que ocorrem no universo e pode nos ajudar a expandir ainda mais nosso horizonte de conhecimento. ”
Fonte: IFLScience!