Para os padrões da NASA, da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) e das Forças Armadas do país, o início do espaço sideral começa em 80 km acima da superfície. A linha de 80 km também tem outros apoiadores, incluindo Jonathan McDowell, um astrofísico e rastreador de satélites baseado no Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, que defendeu sua adoção em um artigo de 2018.
No entanto, existe uma fronteira diferente estabelecida em convenção internacional, que é o marco aceito pela Federação Aeronáutica Internacional (FAI). Essa fronteira, chamada Linha de Kármán, fica a 100 km de altitude e foi definida pelo físico húngaro-americano Theodore von Kármán, usando como parâmetro a região onde as forças da dinâmica orbital excedem as da aerodinâmica.
De qualquer forma, a definição de espaço sideral não é apenas um debate filosófico. Isso tem implicações financeiras no mundo real, tendo em vista que algumas empresas de turismo espacial podem vender assentos em voos que tecnicamente não atingem o espaço, dependendo de onde realmente esteja esse limite (o que já gerou troca de farpas entre a Virgin Galactic – cujos voos chegam a 80 km de altitude – e a Blue Origin, que, de fato, ultrapassa a Linha de Kármán).
Existem também algumas que prometem passeios de balão até a estratosfera, que estão bem longe dos 100 km que demarcam o limite entre a Terra e o espaço. Mas, claro, não deixa de ser um passeio emocionante, que oferece visões incríveis e promete ser uma viagem inesquecível. Nesse ramo, temos como opções a World View Enterprises e a Space Perspective – tendo esta última já realizado um pequeno voo de teste, no ano passado.
Segundo a empresa, o passeio até a “beirada do espaço”, usando um balão gigante que vai carregar uma luxuosa cápsula tripulável pressurizada chamada Netuno, com capacidade para até sete passageiros, estará disponível a partir de 2024. O valor da passagem será de US$125 mil, ou R$585, aproximadamente, na cotação atual. De acordo com a Space Perspective, já foram vendidos 600 ingressos, e novas reservas já começaram a ser feitas para voos a partir de 2025.
Mesmo que o voo não seja tecnicamente espacial, e sim “estratosférico”, a Space Perspective garante uma vista fantástica para seus “exploradores”, incluindo a curvatura da Terra, além de passar dentro e ao redor de locais de beleza natural e significado cultural e histórico.
A cabine Netuno conta com cadeiras recicláveis e giratórias, Wi-Fi, telas interativas, copa, bar e uma visão panorâmica de 360° em todos os ambientes. Com janelas de 1,5 metro de altura, a cápsula é toda trabalhada em tons escuros, predominantemente em roxo, contrastando com as espaçonaves tipicamente brancas dos “concorrentes”.
“Nossa missão é inspirar exploradores espaciais a se conectarem mais de perto com nosso planeta e uns com os outros, e o ambiente em que viajam conosco é central para isso”, disse Jane Poynter, cofundadora, CEO e diretora de experiência da Space Perspective, afirmando que Netuno foi desenvolvida para ser a espaçonave mais acessível, sustentável — é a única opção carbono neutro a chegar ao espaço — e segura no planeta Terra.
Uma missão típica vai decolar ao amanhecer e levará cerca de duas horas para atingir a altitude de 30 quilômetros. A nave espacial Netuno viajará, então, por duas horas nessa altitude, e depois levará mais duas horas ou mais para descer em direção a um mergulho no oceano, após o qual será recuperada por navio. Certamente, será um passeio inesquecível e bastante concorrido.
Fonte: OlharDigital