Um criminoso alvo da Operação Massari, deflagrada pela Polícia Federal, nesta quarta-feira (1º/12), jogou cartões, centenas notas de real e de moeda estrangeira pela janela no momento em que policiais entraram na casa dele. A tentativa de se desfazer da quantia foi flagrada pelos investigadores, que tiveram de recolher o dinheiro em meio ao matagal.
O homem é suspeito de integrar grupo especializado nas práticas de evasão de divisas, câmbio ilegal e lavagem de dinheiro.
Cerca de 40 policiais federais cumprem 10 mandados de busca e apreensão em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, e um na cidade de São Paulo, e executam o bloqueio de contas bancárias e a indisponibilização de veículos.
Veja:
A organização criminosa investigada atua na fronteira do Brasil (Santana do Livramento) com o Uruguai (Rivera). O grupo é responsável por intensa atividade no mercado financeiro paralelo, segundo a PF.
O grupo mantém ramificações em São Paulo e no litoral de Santa Catarina. Eles executam o fluxo de dinheiro ilícito dessas regiões para a fronteira sul do Brasil e, posteriormente, para Uruguai, Argentina, Chile e China.
Pelo menos R$ 13,5 milhões em valores suspeitos foram movimentados por intermédio de contas bancárias vinculadas aos investigados (pessoais e de terceiros), nos últimos três anos. Porém, a PF ressalta que a movimentação financeira paralela pode ser muito superior, visto que a maior parte das operações se dá por meio de dinheiro em espécie.
A investigação teve início a partir de uma apreensão de US$ 33 mil e R$ 285 mil pela Polícia Federal, trazidos de São Paulo por um dos investigados, em março de 2021. Estima-se que cada um dos membros do grupo seja capaz de movimentar entre R$ 50 mil e R$ 100 mil em dinheiro, a cada semana.
A Polícia Federal destaca que vem intensificando o combate a crimes contra o Sistema Financeiro Nacional nas fronteiras com o Uruguai e com a Argentina. Em 2021, somente em Santana do Livramento, foram sete operações deflagradas para apurar a evasão de divisas na região.
A alta demanda por dinheiro clandestino se vincula, invariavelmente, à prática de outros crimes, como o contrabando, tráfico de drogas, armas e corrupção. A atuação contra operadores do mercado paralelo de câmbio é estratégica para atingir o fluxo financeiro de grandes organizações criminosas.
O termo Massari é comumente utilizado pelos investigados para tratar de transações com dinheiro em espécie.