A boxeadora canadense Katia Bissonnette desistiu de lutar o Campeonato Provincial Golden Glove de 2023. A desistência ocorreu quando ela soube que enfrentaria a atleta trans Mya Walmsley.
Segundo Katia, ela recebeu a informação de sua rival era trans — ou seja, um homem biológico — apenas uma hora antes da luta começar. O embate no ringue ocorreria em Victoriaville, Quebec, a maior província do Canadá.
Visto a ausência de Katia, Walmsley foi declarada vencedora. Isso porqque a organização da competição não conseguiu encontrar a tempo uma lutadora em sua posição na mesma categoria de peso.
“As mulheres não deveriam ter de arcar com os riscos físicos e psicológicos trazidos pelas decisões de um homem em relação à sua vida pessoal e identidade”, disse Katia, em entrevista ao site Reduxx.
De acordo com o Reduxx, Katia também trabalha como psicóloga.
Boxeadora quer categoria de gêneros sem o “trans identitário”
A lutadora também declarou que deveriam ter apenas duas categorias, homem e mulher, focadas no sexo biológico dos lutadores, não na identidade de gênero.
Conforme o jornal britânico Daily Mail, a lutadora citou um estudo da Universidade de Utah sobre a força do homem contra a mulher, realizado em 2020. A pesquisa revela que o soco de um homem pode ser 160% mais fortes do que o de uma mulher.
A Boxing Canadá tem uma regra de não divulgar a identidade de um lutador trans, caso ele tenha passado pela transição de gênero antes da puberdade.
Quem é a lutadora trans
Mya Walmsley nasceu na Austrália e não disputou nenhuma luta contra mulheres até o momento. Não há dados sobre com qual idade ela passou pela transição de gênero. Por isso, Katia resolveu não lutar.
Em nota, Walmsley reclamou da decisão tomada por sua rival e a acusou de ser “preconceituosa”.
“Esse tipo de comportamento coloca os atletas em risco de serem excluídos ou de receberem ataques pessoais com base em boatos”, disse a atleta trans.
“Temo que esse tipo de acusação possa eventualmente ser usado para deslegitimar atletas da categoria feminina e justificar regulamentações arbitrárias e invasivas”, concluiu Walmsley.
Anteriormente, o Comitê Olímpico Internacional decidiu que mulheres trans poderiam competir em categorias femininas, apenas se reduzissem sua testosterona a um determinado nível.
Walmsley, porém, disse que não fez esses testes e ainda criticou a obrigação, e acusou os testes de serem “arbitrários e invasivos”.