Há diferença entre ser campeão brasileiro e ser campeão brasileiro da forma como o Botafogo se consagrou ontem, com a vitória de 2 a 1 sobre o São Paulo, no Nilton Santos. Há diferença entre quebrar o jejum de 29 anos sem a conquista de um título brasileiro e fazer isso presenteando a torcida com a inédita conquista da Copa Libertadores. Enfim, são várias as razões que fazem deste momento glorioso um recorte eterno para a história do clube marcado pelo símbolo da estrela solitária.
Os troféus conquistados nas duas últimas semanas transformam o Botafogo no clube a ser batido. E não é exagero nenhum dizer que os investimentos de John Textor, estruturando o futebol e formando elencos capazes de sonhar com conquistas, o puseram no mesmo patamar Palmeiras e Flamengo. O dinheiro, a capacidade de gestão dos executivos da SAF e o tempo mudaram a gênese do Botafogo. E tudo isso que vemos hoje não é nada mais do que consequência do trabalho de reconstrução.
O Botafogo foi o último colocado em 2020, com 27 pontos e cinco vitórias. Hoje, tem o melhor time do continente, e venceu três dos últimos quatro turnos da Série A: fez 47 pontos no turno de 2023, 40 no deste ano e 39 no returno fechado com invencibilidade de 14 jogos, e duas derrotas em 19 confrontos — cinco no total. Aliás: o time de Artur Jorge liderou em 23 das 38 rodadas — 60%. Em 2023, foi o primeiro em 31 das 38. Ou seja: Botafogo de John Textor liderou 77,6% das 76 rodadas das duas últimas edições.
O desafio, por ora, é gerenciar as expectativas dos torcedores. O time disputará quatro troféus de grande relevância nos próximos seis meses, incluindo os torneios internacionais da Fifa, mas, com tanto desgaste a ser contornado, é impossível projetar o que será o desempenho. Isso, porém, ainda não vem ao caso. O Botafogo se reconectou lindamente com o seu passado e está definitivamente de volta para o futuro. O futebol brasileiro agradece.