O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu nesta quarta-feira (7) que a decisão sobre a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 é uma prerrogativa do Congresso e “ninguém tem que se meter”. Ele fez um breve discurso durante a manifestação pró-anistia realizada em Brasília nesta tarde.
“Quem esperava um público como esse em Brasília no meio da semana? Ninguém esperava. A presença de vocês aqui é a certeza de que estamos no caminho certo. A anistia é um ato político e privativo do parlamento brasileiro. O parlamento votou, ninguém tem que se meter em nada”, afirmou o ex-presidente.
Bolsonaro disse que, no momento, o país passa por um momento “muito triste e doloroso”. “Não vamos perder a esperança. Vamos continuar lutando. Não vamos baixar a cabeça para ninguém. Se queremo democracia, liberdade e uma pátria melhor, todos nós somos responsáveis responsáveis pelo futuro do nosso país”, enfatizou.
Ele participou do evento, apesar da orientação de seus médicos para evitar estar em meio a grandes públicos por pelo menos três semanas. O ex-presidente recebeu alta no fim de semana após fazer uma cirurgia no intestino e ficar internado por 22 dias, devido a complicações do atentado que sofreu em 2018.
“Mais uma vez, Ele me deu outra vida. Sou muito grato a Ele. Jamais esperava ser vereador, acabei sendo presidente da República. Deixamos uma marca no meio de vocês, vocês conheceram as entranhas dos Poderes, vocês conheceram seu país por dentro. Hoje sabemos quem somos, o que queremos e para onde iremos”, afirmou Bolsonaro a seus apoiadores.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) classificou a manifestação como um “ato profético” em defesa da anistia. Ela elogiou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux pelo voto no caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, presa após escrever a frase “perdeu, mané” com batom na estátua da Justiça em frente à sede da Corte no dia 8 de janeiro de 2023.
Débora foi condenada pela Primeira Turma do STF a 14 anos de prisão, Fux defendeu uma pena menor a cabeleireira, de 1 ano e 6 meses. O pastor Silas Malafaia, responsável pelo evento, também elogiou Fux, apontando que o ministro teria “desmascarado” o ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos dos atos de 8 de janeiro e da suposta tentaiva de golpe de Estado.
No entanto, o próprio Fux negou ter qualquer desentendimento com o colega de Corte e de Turma. “Eu respeito as posições do ministro Alexandre de Moraes, como também tenho certeza que ele respeita as minhas posições de divergência. O que há aqui não é discórdia, é dissenso. Então, se alguma coluna apurou que eu estou aqui pra fazer alguma frente a Moraes, apurou muito mal”, completou o magistrado”, disse o ministro nesta terça (6) durante o julgamento do “núcleo 4” da suposta trama golpista.
A “Caminhada Pacífica pela Anistia Humanitária”, que tem perspectiva de ser menor do que as manifestações no Rio de Janeiro e em São Paulo, partiu da Torre de TV, no Eixo Monumental, e foi até o Congresso Nacional. Ao longo do trajeto de aproximadamente três quilômetros, parlamentares e apoiadores da pauta discursaram em um caminhão de som. O programa Entrelinhas, da Gazeta do Povo, está fazendo a cobertura ao vivo do ato.