Por Nikolas Ferreira
Circulou nas redes sociais o vídeo da audiência para celebração do Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), que ocorreu no último dia 13 de março, em que o deputado lulista André Janones (Avante-MG) admite o esquema de “rachadinha” em seu gabinete.
Um crime confesso em que, por um acordo feito com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e validado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a “pena” será pagar de forma parcelada o montante de R$ 131,5 mil de indenização à Câmara dos Deputados e R$ 26,3 mil de multa para que o inquérito seja encerrado. Mais uma demonstração de que infelizmente o crime compensa no Brasil.
Todo o vasto histórico de atitudes vergonhosas e deploráveis do deputado que prometeu me triturar nas urnas em 2022, e teve mais de 1,2 milhão de votos a menos que eu, mostra mais uma vez o duplo padrão da “justiça” brasileira em diversos aspectos.
A credibilidade, que já era pouquíssima, foi mais uma vez questionada por evidenciar que o peso da punição depende de quem está envolvido e não do que é feito
Conforme expus em um dos meus discursos no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados em junho do ano passado, Janones foi e segue sendo um dos maiores disseminadores de mentiras do país, e eu sou uma das principais vítimas há anos.
Nem mesmo a recorrência, ou sua própria confissão do uso de notícias falsas durante a campanha eleitoral em 2022, geraram algum tipo de ação ou inclusão no interminável “inquérito das fake news”, que nada mais é que um teatro contra a liberdade de expressão.
Além das diversas mentiras do parlamentar que é base do governo Lula, vieram os casos de corrupção em que para sua defesa foi criado o termo cômico de “rachadinha voluntária”, um desrespeito não só aos brasileiros como à Câmara dos Deputados, tendo em vista que ele negou em audiência as acusações que ele posteriormente confessaria.
Após afirmar que a corrupção foi normalizada no Brasil, a Transparência Internacional divulgou um ranking em que o nosso país registrou o pior desempenho da série histórica no Índice de Percepção da Corrupção, ocupando a 107ª posição entre 180 países. Nada que não seja extremamente perceptível a cada um de nós.
Corruptos seguem impunes, alguns exercendo normalmente seus cargos políticos, outros virando influenciadores e projetando candidaturas futuras e ainda os que estão afastados da vida pública, porém em liberdade e condições financeiras excelentes. Algo muito diferente do que está acontecendo com quem manchou uma estátua com batom, e pior, quem nada fez no altamente politizado 8 de janeiro.
Se o simples fato de eu exercer a minha opinião enquanto parlamentar, inclusive amparado pelo artigo 53 da Constituição Federal do Brasil, fez com que eu fosse investigado e processado criminalmente, imagina o que aconteceria com qualquer deputado de direita que tivesse feito apenas 1% do que diversos políticos de esquerda já fizeram?
Aquele Janones, que em 2021 desferiu xingamentos dizendo que não existia “rachadinha” em seu gabinete, e que se prontificou a coletar assinaturas para convocar uma CPI para que crimes desse tipo fossem investigados, agora está recolhido e desmoralizado, porém certo de que apesar de tudo, pelo menos por um bom tempo nada acontecerá com ele no país da impunidade.
*Com informações gazetadopovo