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ARTIGO: Crime só pensado vai parar no STF; crime cometido acaba esquecido

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Qual é a diferença entre Adélio Bispo e o tal plano do golpe que não houve, que está na denúncia entregue ao Supremo pelo procurador-geral da República? A diferença é que o plano do golpe que não houve não passou da primeira fase. Quem estuda o “caminho do crime” sabe: primeiro a pessoa pensa, tem vontade de cometer o crime. Depois, começa a planejar, a reunir os meios. Quando sente que já tem os meios para cometer o crime, ela realiza o crime. Pensar no crime não é crime. A legislação penal não considera crime.

E o Adélio? Ele foi até o fim. Realizou o crime, enfiou a faca no abdômen do candidato que liderava as pesquisas para matá-lo, para tirá-lo da frente e abrir caminho para o candidato que estava atrás. Foi planejado, sim, porque no mesmo 6 de setembro em que ele estava em Juiz de Fora, enfiando a faca, alguém inseriu o nome dele como se estivesse presente no gabinete de um deputado do PSol na Câmara dos Deputados. Ninguém descobriu quem foi, que gabinete autorizou, ficou tudo de lado, resolveram que o Adélio é maluco e ponto final. Ninguém mais fala nisso. Mas foi a tentativa de matar um futuro presidente da República.

Hugo Motta aparta briga na Câmara; bate-boca é costume bastante antigo

Nesta quinta houve um entrevero no plenário, entre deputados do PL e do PT, por causa da denúncia contra Bolsonaro. Quem estava presidindo a sessão interinamente era uma deputada, e alguém foi chamar o presidente da casa, Hugo Motta. Ele apareceu e disse umas verdades, que não ia mais permitir isso, e que o plenário não era jardim de infância. Eu algumas vezes comparo com a hora de recreio no grupo escolar, onde vão resolver as brigas. É falta de maturidade, falta de postura. Na Câmara se diz “falta de decoro”, mas é falta de educação mesmo. E, principalmente, falta de argumento. Quem parte para a gritaria, para a interjeição, para o adjetivo, faz isso porque não tem argumento substantivo para debater um assunto. E lá é o lugar de parlamentar, de fazer um debate civilizado, sobretudo um debate inteligente. O que houve lá não era um debate inteligente, nem sequer era um debate; era só uma gritaria burra. Motta acertou, e aproveitou para avisar que, lá dentro, “ninguém sem gravata e sem paletó”. Está absolutamente certo.

Mas isso não é de agora, não. Eu era ainda adolescente quando Juca Chaves – que depois virou um amigo de vida inteira – tinha uma modinha que dizia “dramalhão, reunião de deputado, é palavrão que só sai para todo lado”. Isso nos anos 50. Ainda antes disso, eu também lembro, era menino, o deputado Barreto Pinto se deixou ser fotografado de fraque e cueca e foi cassado, perdeu o mandato. Foi um escândalo, em uma outra ocasião, quando um deputado do PMDB do Rio Grande do Sul foi de sandália franciscana, houve fotografia nos jornais. Aquele é um lugar de respeito. Eu me choco quando vejo um deputado ou senador de chapéu, por exemplo. Existe chapelaria na entrada da Câmara e do Senado, que é justamente para deixar os chapéus, os guarda-chuvas. Não se usa chapéu em ambiente fechado; descobrir a cabeça é um sinal de respeito ao local.

Depois da picanha e do café, ovo também vai virar artigo de luxo 

Lula disse que estava comendo ovo de ema, de pata, e vai comer de jabuti. Agora vejo no noticiário que o ovo já subiu 40%. Também está fora do alcance, assim como a picanha e o café. Um amigo me procurou dizendo “recebi um presente, um presentão aqui”: eram dois sacos de café, de uma produtora de café aqui de Brasília…

Não há palavras para descrever tragédia do menino Salomão 

E, por fim, um registro do horror dos horrores: aquele caso do menino Salomão, 2 anos, numa creche lá em Nerópolis (GO). Eu não sei qual é a origem do nome da cidade, mas Nerópolis me faz lembrar Nero. E foi uma coisa de Nero mesmo: a dona da creche trouxe a criança, deixou no carro, esqueceu que tinha uma criança sentada no banco de trás, deixou o carro fechado, no sol. E o menino morreu. Não há palavras para descrever isso; eu só registro para descarregar um pouco com vocês.

*Com informações gazetadopovo