O regime Lula-STF se encontra, no meio do caminho de sua vida, numa selva escura. Não tem uma solução eleitoral para o seu futuro; talvez saiba que não tem desde que Lula foi proclamado presidente da República pelo TSE, em novembro de 2022. As últimas notícias que tiveram sobre o assunto foram um horror para eles. Levaram uma surra de 7 a 1 nas últimas eleições municipais, e as teorias da mídia de que Lula “se preservou” e que a vitória foi do “centro” não têm nenhuma capacidade para transformar em empate a goleada que está no placar.
O consórcio também não tem mais, se alguma vez teve, qualquer chance coerente de apresentar algo parecido com um bom governo ao fim do Lula-3. É o exato contrário; está caminhando para ser o Dilma-3. Jamais teve um plano econômico viável — ou qualquer tipo de plano, para qualquer coisa. Depois de sobreviver dois anos às custas da herança que receberam do trabalho feito pelo ex-ministro Paulo Guedes, estão hoje na Vara de Falências. É um dominó sem a jogada seguinte. Sua última obra foi entregar um plano de corte de gastos que até agora só cortou receitas.
O regime Lula-STF tem como a sua grande causa, no momento, combater a anistia para crimes políticos que não foram cometidos. Quanta gente alguém conseguiu juntar na rua para apoiar um negócio desses? Zero, até agora. Na verdade, a junta não consegue reunir o povo para nada. O máximo que conseguiram até agora foi fazer um comício humilhante, com Lula e tudo, com uma plateia de 1,6 mil pessoas. As outras causas são da mesma qualidade em matéria de apoio público: apoiar ditaduras homicidas pelo mundo afora, promover shows de travestis nas escolas, tirar criminosos da cadeia.
Como resolver algum problema real do Brasil, qualquer problema, agindo desse jeito? O ministro Lewandowski se orgulha de atingir o índice de 55 solturas a cada cem prisões, por via dos “juízes de custódia” e outras políticas penais suicidas. O “pacote de cortes” não admite cortar nenhum dos ministérios que Lula inventou — nem o da “Igualdade Racial”, ou o da “Mulher”, e nem o das enchentes no Rio Grande do Sul. A dívida bruta do governo passou dos R$ 9 trilhões até outubro. Os Correios, que davam lucro no governo anterior, estão de novo em situação de insolvência.
O governo que se escandaliza com a anistia dos perseguidos políticos do ministro Alexandre de Moraes e do STF está propondo a sua própria anistia para o assalto aos fundos de pensão das estatais cometidos na era Lula-Dilma. O STF, por sinal, criou a anistia automática e permanente para todos os criminosos que confessaram delitos de corrupção na Operação Lava Jato, destruída pelo atual regime. Foi criado pelo ministro Toffoli o Bolsa-Ladrão, que devolve o dinheiro que corruptores e corruptos prometeram pagar para escapar do xadrez.
A empresa preferida de Lula e do STF, a J&F dos ex-presidiários irmãos Batista, continua tendo presença praticamente obrigatória em casos de roubalheira pesada. Está metida, por exemplo, na treva dos fundos de pensão estatais. Levou de presente uma empresa de energia elétrica na Amazônia; quem vai pagar é você, nas suas contas de luz dos próximos anos. Vendeu uma fábrica de papel e de celulose a um investidor estrangeiro e não entregou até hoje; conta com a proteção fechada do sistema judicial brasileiro.
O governo é humilhado diariamente pelo “Janjômetro”, o relógio criado pelo deputado paulista Guto Zacarias para medir as despesas que a primeira-dama soca dia e noite em cima do Tesouro Nacional; até 1º de dezembro a conta já tinha passado dos R$ 63 milhões. A política externa do Brasil está na sarjeta. Lula diz que Donald Trump é “fascista” e Janja diz “fuck you, Elon Musk” — justo na hora em que ambos chegam a seu auge. Nunca um governo realizou tão pouco e tão mal. É o programa Obra Zero. Zero em educação, zero em segurança pública, zero em estradas, zero em saúde — sobra dengue, falta insulina.
🤣🤣
They will lose the next election— Elon Musk (@elonmusk) November 16, 2024
O consórcio Lula-STF vive, cada vez mais, do tráfico de demências. A campanha “Vidas Negras”, lançada em Brasília por um comitê da ONU, junto com sua “base de apoio”, sustenta que “um negro morre no Brasil a cada 23 minutos” e que a culpa disso é do “racismo”. Os números são de uma “Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais”. Vão virar verdade, como os “133 milhões” de brasileiros que passam fome criados pela ministra Marina, os “investimentos” anunciados por Lula e outras farinhas do mesmo saco. A vida real foi banida.
Essa lista pode continuar por mais 10 mil palavras — melhor ir ficando por aqui, antes de fazer desaforo à paciência do leitor. O que interessa, de qualquer forma, é o seguinte: o regime Lula-STF está diante de uma charada brava, e não consegue dar os mais remotos sinais de que possa, ou queira, sair dela. Vai perder as eleições de 2026, se elas forem limpas — e não é toda hora que se pode fazer eleição na base da “missão dada, missão cumprida”, como o TSE de Alexandre de Moraes fez em 2022. Que rumo tomar, diante disso?
A junta não tem condições objetivas de melhorar em nada, no tempo que lhe sobra, a qualidade do governo que vem fazendo. Não vai ganhar votos dando isenção do Imposto de Renda a quem ganha até R$ 5 mil por mês — mas não agora. Não vai ficar mais popular tomando sistematicamente o lado dos criminosos contra o lado do cidadão. Não vai reunir multidões em defesa de nada do que defende. Não vai resolver nenhum problema real da população, nenhum que seja, com uma gestão bêbada da economia — e nem falando de “Brics”, Faixa de Gaza etc. etc.
O governo corre o risco de não ter, sequer, candidatos suficientes para concorrer a dois terços das vagas ao Senado em 2026, seu real problema, e certamente o pior, na próxima eleição — caminha, dia a dia, para levar uma surra da oposição. Tirando Lula, na verdade, que candidato a alguma coisa a liga PT-Psol-PCdoB tem para mostrar ao público pagante? Gleisi Hoffmann? Flávio Dino? Janja da Silva? Dá para deputado da minoria, e olhe lá. Em suma: o motor fundiu, e está todo mundo olhando para dentro do cofre sem ter a mínima ideia do que fazer.
A resposta da junta Lula-STF, até agora, tem sido dobrar a sua aposta na maior onda de ódio jamais vista na história política do Brasil. O governo, o alto Judiciário e a extrema esquerda, com o apoio da maioria da mídia, criaram uma doutrina oficial: a pacificação do país é uma atitude politicamente criminosa. A paz vai destruir a “democracia”, dizem eles; se depender do ministro Moraes, propor a paz na política deve dar cadeia. É, de novo, o grito de “Viva la Muerte” que tanto inspirou a ditadura fascista na Espanha de outras eras.
Combina perfeitamente com o lema da maior causa que a esquerda brasileira tem hoje: “Sem anistia”. Em que democracia do mundo o governo, a suprema corte de Justiça e a classe cultural pregam uma descarga de ódio equivalente a essa? Querem cassar o deputado Marcel van Hattem por ter feito um discurso na Câmara, no pleno exercício de seu mandato, criticando um delegado da Polícia Federal. (Veja a matéria de capa, de Silvio Navarro.) Em parceria com um deputado lulista, gravado montando uma “rachadinha”, a PGR estuda, simplesmente, a extinção do maior partido de oposição, o PL.
São propostas abertas de ditadura. O precedente mais óbvio da manobra para eliminar o PL é a decretação de ilegalidade do Partido Comunista Brasileiro pela ditadura de Getúlio Vargas. Cassar o deputado Van Hattem é coisa vista pela última vez no AI-5 — como prender um outro, Daniel Silveira, foi uma violação flagrante do artigo 53 da Constituição Federal, com a cumplicidade militante do presidente da Câmara, Arthur Lira, e da maioria dos deputados. Qual será o próximo passo: a criação do partido único, como em Cuba ou na China?
O investimento no extremismo está evidente na implantação da censura no Brasil pelo STF — como o Congresso tem se recusado a aprovar a lei que os ministros exigem, eles próprios resolveram fazer a lei. “Chegou a hora de decidirmos sobre essa matéria”, disse o presidente Barroso. É uma aberração. O STF não tem o direito de decidir se chegou ou não chegou “a hora” de fazer lei alguma; só o Congresso pode escrever leis no Brasil, e se não quiser não escreve. O que querem é impor aqui as leis sobre as redes sociais que vigoram na Rússia, na China ou na Venezuela.
Vão dizer, claro, que se inspiram na “Alemanha”, ou coisa parecida. É mentira. Sua lei é tão alemã quando um Rolex paraguaio. O que querem, na verdade, é obrigar as plataformas a censurarem os seus usuários sem ter, para isso, de obedecer a uma decisão judicial, como exige o Marco Civil da Internet hoje em vigor — e que o STF, o governo Lula e a extrema esquerda fingem que não existe, quando dizem que as redes são uma “terra sem lei”. Quem quer transformar a internet numa terra sem lei é o STF, isso, sim. Sai a “Casa da Mãe Joana” que não existe. Entra a “Casa do STF” que existe.
É a casa do ministro Moraes, cujos auxiliares pedem a funcionários subalternos que usem a “criatividade” para inventar infrações que não existem. É ele, também, que pune não apenas o que os cidadãos dizem nas redes, mas o que ainda não disseram — como acontece todas as vezes que proíbe alguém de falar nas redes pelo resto da vida. É ele quem ameaça em público as operadoras da internet. Quando Barroso disse que elas não estavam sendo criminalizadas, Moraes rebateu na hora. “Ainda”, avisou ele. Barroso riu.
Por cima de tudo isso, o regime Lula-STF quer tocar terror geral com a criação de um “golpe de Estado” que só existe na fábrica de denúncias da Polícia Federal e dos jornalistas. É um golpe armado em que as armas eram estilingues e bolas de gude — segundo a própria polícia. Não se movimentou um único inspetor de quarteirão, e muito menos um praça de qualquer das Três Armas. As provas são conversas, mensagens e desabafos impotentes de subordinados que não conseguiriam organizar uma mesa de pife-pafe.
Quem tem medo-pânico do eleitorado porque sabe que vai perder a eleição, e joga tudo nas ameaças de violência e de repressão para sobreviver, não tem nenhuma intenção boa — nem uma. Hoje a única esperança compreensível do consórcio Lula-STF é copiar a Venezuela, onde uma hora a “Justiça Eleitoral” diz que o seu candidato “ganhou por X%”, não mostra prova nenhuma disso, porque o escrutínio é secreto, e os militares dizem que a “legalidade” do STF foi “respeitada” — porque o seu único interesse na vida está em garantir os próprios salários, aposentadorias, pensões e penduricalhos.
É fácil dar esse golpe? Esse, sim, o golpe de verdade — não o sanatório geral que a PF, Moraes e o Supremo estão fazendo passar. Fácil não é. Mas até agora não mostraram nenhuma outra ideia sobre o que podem fazer.
*Com informações revistaoeste