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Anvisa recomenda restrição de viajantes da África após nova variante

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A efetivação das medidas, contudo, depende de portaria interministerial editada pela Casa Civil e outros órgãos competentes

A Anvisa recomendou a proibição, nesta sexta-feira (26/11), da entrada de viajantes procedentes da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue no Brasil, em razão da identificação de nova variante da Covid-19, a B.1.1.529.

A descoberta foi anunciada nessa quinta-feira (25/11) pelo virologista brasileiro Túlio de Oliveira em entrevista coletiva on-line supervisionada pelo Ministério da Saúde da África do Sul.

Até as últimas informações, foram registrados 77 casos na África do Sul, quatro casos na Botsuana, um em Hong Kong (uma pessoa que voltou de uma viagem à África do Sul) e um em Israel (uma pessoa que voltou do Malaui).“De acordo com a Lei 13.979/2020, compete à Anvisa emitir manifestação técnica fundamentada de assessoramento às decisões interministeriais sobre eventuais restrições para ingresso no território brasileiro”, informa o governo.

A efetivação das medidas, contudo, depende de portaria interministerial editada pela Casa Civil, pelo Ministério da Saúde, pelo Ministério da Infraestrutura e pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Segundo a equipe do instituto de pesquisa de Túlio de Oliveira, o KRISP, a B.1.1.529 é potencialmente muito contagiosa e tem um número “extremamente alto” de mutações. “Podemos ver que [a variante] tem potencial para se espalhar muito rapidamente”.

Ainda não se sabe a eficácia das vacinas contra essa variante. “O que nos preocupa é que esta variante pode não só ter uma capacidade de transmissão aumentada, mas também ser capaz de contornar partes do nosso sistema imunológico”, disse o professor Richard Lessells, pesquisador da Universidade de KwaZulu-Natal na África do Sul.

Países adotam medidas

Até o momento, pelo menos 10 nações europeias e asiáticas anunciaram a adoção de medidas restritivas a voos de países da África devido à nova variante do coronavírus.

Reino Unido, Itália, Holanda, República Tcheca, França, Cingapura e Israel suspenderam voos dos países sul-africanos, enquanto Japão, Índia e Taiwan aumentaram os procedimentos de controle. Os bloqueios ocorreram após a reunião de emergência convocada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para discutir o problema.

O governo sul-africano criticou as medidas. A ministra das Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor, disse que a preocupação imediata “é o dano que esta decisão causará tanto às indústrias de turismo quanto às empresas de ambos os países”.

A líder técnica da OMS Maria van Kerkhove se pronunciou sobre a variante nessa quinta (25/11), dizendo que “ainda serão necessárias algumas semanas” para que se possa saber exatamente qual o risco da nova mutação do Sars-Cov-2, que causa preocupação principalmente pelas mudanças na proteína spike, usada pelo vírus para entrar em células humanas, o que o torna potencialmente imune às vacinas.

O que diz o Ministério da Saúde

Em conversa com a imprensa na manhã desta quinta-feira, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, afirmou que a nova variante é uma grande preocupação e que a pasta vai discutir o assunto ao longo do dia.

“A OMS se manifestou recentemente sobre essa nova variante na África do Sul, é uma variante de preocupação. Estamos discutindo isso, juntamente com os técnicos”, disse Cruz.