O deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) na manhã desta segunda-feira para que o órgão investigue o Ministério da Justiça. A reação ocorre após uma matéria do jornal “O Estado de S.Paulo” ter revelado que Luciene Barbosa, mais conhecida como a “dama do tráfico amazonense”, esteve na pasta em duas ocasiões com secretários do ministro Flávio Dino. Luciene é mulher de Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, líder da facção Comando Vermelho no Amazonas, que cumpre 31 anos no presídio de Tefé, no estado. Ela também foi sentenciada a dez anos, mas responde em liberdade.
De acordo com a denúncia do parlamentar, a matéria realizada pelo Estadão aponta a existência de relações suspeitas entre membros do alto escalão do ministério e integrantes da facção criminosa e cita nominalmente os quatro servidores que participaram dos encontros.
Neste contexto, solicita uma investigação “rigorosa” sobre os fatos. “É crucial assegurar a responsabilização, a transparência e a preservação da confiança da população nas instituições democráticas do país, mormente no órgão máximo responsável por promover a segurança pública”, justifica Amom Mandel.
Além da representação encaminhada à PGR, o parlamentar protocolou um requerimento na Câmara dos Deputados em que pede a abertura de uma CPI que investigue o envolvimento de servidores do alto escalão do Ministério da Justiça e de outros detentores de cargos políticos com membros de facções criminosas. Ao GLOBO, o deputado informou que ainda coleta assinaturas.
Nesta segunda-feira, o nome da facção criminosa e o termo “Ministério da Justiça” chegaram aos assuntos mais comentados do X (antigo Twitter). Nomes da oposição, como o ex-juiz federal Sergio Moro e o deputado federal Nikolas Ferreira repudiaram as agendas.
Usuários do X usaram a ocasião para relembrar a agenda cumprida por Dino na favela da Maré, no Rio de Janeiro.
Em março deste ano, o ministro esteve na comunidade carioca para o lançamento de um boletim sobre violência, onde encontrou diversas lideranças locais. À época, a base bolsonarista o acusou de ter “envolvimento com o crime organizado”. “Flávio Dino, o ministro que entra na Maré, complexo de favelas mais armado do Rio, com apenas dois carros e sem trocar tiros”, escreveu Eduardo Bolsonaro (PL) no antigo Twitter na época.