A segunda edição do boletim sobre situação epidemiológica da rabdomiólise no Amazonas, divulgada nesta quinta-feira (30), atualiza o quantitativo de casos da doença no Estado investigados pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas. Dos 63 casos que estavam em investigação epidemiológica, seguem sendo investigados 54 casos que atendem à definição de caso compatível à rabdomiólise. O documento pode ser acessado em: www.fvs.am.gov.br
Conforme o boletim, até esta quinta-feira, o número total de registros soma 91 casos, sendo 54 (59%) que atendem à definição de caso suspeito e 37 (41%) foram descartados após investigação epidemiológica, clínica e laboratorial dos casos.
O total de casos (91) foram registrados em 12 municípios: Anamã, Autazes, Borba, Caapiranga, Itacoatiara, Itapiranga, Manacapuru, Manaus, Maués, Parintins, Silves e Urucurituba.
Dos 54 casos suspeitos para rabdomiólise, 13 estão distribuídos em cinco núcleos familiares. “São de dois a seis indivíduos notificados em núcleos familiares. Mais da metade (53%) dos casos compatíveis são homens; e os maiores de 40 anos foram os mais acometidos, sendo 61% dos casos”, afirmou a diretora-presidente da FVS-RCP, Tatyana Amorim, acrescentando que a segunda faixa etária mais acometida pela doença é de 20 a 39 anos, com 20% dos casos.
Com a atualização de novos casos, os sintomas mais frequentes são mialgia (100%), seguido de náuseas (72%), dor abdominal (67%) e fraqueza muscular (67%).
O resultado dos exames de CPK variaram de 1.013 a 37.919 U/L. Além disso, a maioria dos casos notificados (55%), suspeitos (32%) e descartados (23%) continuam sendo provenientes de Itacoatiara.
Investigação – A investigação dos casos compatíveis com rabdomiólise notificados apontam que houve o consumo de diversos tipos de peixes adquiridos em diferentes estabelecimentos. Segundo a coordenadora do CIEVS/FVS-RCP, Liane Socorro, essa diversidade de pontos de venda tem dificultado a identificação do local de origem dos peixes.
“Alguns pacientes não souberam informar qual o estabelecimento ou o fornecedor do peixe consumido, o que impossibilita a rastreabilidade dos casos e, consequentemente, a origem e o transporte dos peixes comercializados”, afirma Liane, acrescentando que, na maioria dos casos, o peixe contaminado é totalmente consumido antes do aparecimento dos sintomas dos pacientes, dificultando a obtenção da amostra.
Ainda conforme o boletim, os peixes mais consumidos pelos casos suspeitos de rabdomiólise foram tambaqui (41%), pacu (41%) e pirapitinga (35%). O documento aponta que 94% dos peixes consumidos são de vida livre e 6% não informaram a procedência do pescado.
A rabdomiólise é uma síndrome clínico-laboratorial que decorre da lesão muscular com a liberação de substâncias intracelulares para a circulação sanguínea. A doença pode ser causada por diversos motivos, incluindo a ingestão de peixes.
A síndrome ocorre normalmente em pessoas saudáveis, na sequência de traumatismos, atividade física excessiva, crises convulsivas, consumo de álcool e outras drogas, infecções e ingestão de alimentos contaminados que incluem o pescado. O quadro clínico da doença pode incluir elevações assintomáticas das enzimas musculares séricas (creatinina-fosfoquinase – CPK).