Os cuidados com o novo coronavírus se tornaram realidade nas unidades de ensino de todo o mundo e, na rede estadual do Amazonas, não é diferente. Em Manacapuru, a 115 quilômetros de Manaus, alunos da Escola Estadual (EE) Nossa Senhora de Nazaré desenvolveram dispositivos anti Covid-19 controlados por Arduino, sistema que pode interagir com o ambiente por meio de hardware/software e ser conectado a um computador ou rede para o recebimento e envio de dados.
A ideia, orientada pelos professores Galileu Pires, de Biologia; e José Victor Bezerra, de Física, é que os protótipos ajudem a combater a proliferação do vírus no ambiente escolar e façam com que os estudantes fiquem atentos às medidas de segurança e a possíveis casos de contaminação, dentro e fora da escola.
Ao todo, cinco alunos do Ensino Médio atuaram no projeto: José Victor da Rocha Maciel, Felipe Lima de Souza, Sarah Barros de Almeida, Raelly de Andrade Bezerra e Maria Júlia Teixeira Stefanini.
Juntos, eles desenvolveram três dispositivos: uma pulseira com sensor, que informa possíveis infecções por meio da temperatura corporal; um dispenser automático de álcool gel com sensor de aproximação; e um aferidor de temperatura com termístor de distância acoplado, instalado na entrada da instituição.
Dessa forma, a equipe da EE Nossa Senhora de Nazaré poderá aplicar os principais protocolos de saúde sem precisar do contato físico entre seus integrantes. “Criamos esses protótipos para que funcionassem sem a necessidade do contato humano, para fazer com que as medidas de segurança fossem cumpridas de maneira ainda mais segura”, explicou o professor de Biologia.
O educador ressalta, ainda, que a unidade tem modificado a sua rotina diária com projetos e pesquisas voltados para a área da Saúde, com a ajuda não somente dos estudantes, mas também do gestor Salomão Sousa e dos professores Jesiane Andrade, Alessandro dos Santos e Fernando França.
Histórico
Desde o ano passado, a EE Nossa Senhora de Nazaré tem trabalhado, de forma voluntária, com aulas e projetos de robótica. Em 2020, a unidade chegou a ser premiada na 7ª edição da disputa “Respostas para o Amanhã”, promovida pela Samsung com o intuito de desafiar alunos e professores da rede pública a desenvolverem soluções para problemas locais com experimentação científica e tecnológica.
Na ocasião, a escola foi destaque com a criação das máscaras canguru, um trabalho de aperfeiçoamento que deixava os itens mais seguros. Ao serem finalizadas, as máscaras foram distribuídas entre a equipe médica de Manacapuru. Agora, em 2021, a unidade espera repetir o feito.
“Os protótipos, assim como os estudantes, estão sendo preparados para competições científicas, nas quais o projeto consta em etapa de enquadramento e avaliação final”, adiantou Galileu.
De acordo com a aluna Maria Júlia, a experiência de trabalhar em projetos científicos e de robótica transformou a sua vida. “Passei a ler artigos científicos e vislumbrar a possibilidade de mudar o mundo, como a exemplo de uma pesquisa, que também fizemos no ano passado, em que transformamos as vísceras de pirarucu em fios cirúrgicos absorvíveis”, lembrou a estudante.
Colega de Maria Júlia, Felipe conta que os benefícios de integrar a equipe de jovens pesquisadores vão além dos conhecimentos: “Sempre fui um menino tímido e, em 2020, entrei no grupo e me tornei mais comunicativo. Hoje, ajudo a ensinar robótica para os novos alunos”.