No futebol preocupado em se jogar o máximo possível durante uma temporada, a prática é bem diferente da teoria. E no Flamengo recém-assumido por Vítor Pereira, o alento é que o treinador sabe quais problemas precisa solucionar, embora não tenha tido circunstância ideal para isso.
Desde o jogo com o Palmeiras na Supercopa, o treinador deixou claro que a correção do sistema defensivo é seu principal objetivo. Com as peças que possui no elenco, tem buscado encontrar a melhor maneira da equipe se apresentar com segurança sem deixar de lado seu talento.
“Não sou treinador de encontrar desculpas. Gosto de avaliar o trabalho. Perceber o que está bem e o que está mal. Temos que caminhar, temos que corrigir. Acho que o Mundial foi bom neste sentido para nós. Há momentos em que jogamos um bom futebol e que acho que podemos melhorar ainda”, resumiu Vítor Pereira, após a conquista do terceiro lugar no torneio.
A avaliação coletiva é fiel à realidade, e a individual não fica atrás. O comandante tem noção de que a equipe se preparou em pouco tempo no começo do ano, alguns jogadores sofreram ainda mais por voltarem ao trabalho depois de problemas físicos.
“Nós temos jogadores com diferentes tempos de trabalho. Temos jogadores com mais ritmo e menos ritmo. O Arrascaeta, por exemplo, neste momento, claramente eu sinto que está aumentando seu ritmo. Mesmo o compromisso em termos defensivos está melhor. Como chegou mais tarde, por conta de uma lesão, ficou um tempo parado, neste momento está a adquirir o melhor ritmo”, completou VP.
Para manter as peças mais talentosas, o técnico tem feito experimentos sem mudanças bruscas. Na ausência de Gerson, fez o básico, mantendo o time com dois volantes, Vidal e Thiago Maia. Diante da ausência de pontas, tem inserido Cebolinha aos poucos, e revezado Arrascaeta e Éverton Ribeiro. Tudo isso ainda mantendo o quarteto ofensivo e os artilheiros Gabigol e Pedro.
A expectativa é observar nas próxima semanas, conforme o trabalho evolui, que soluções serão encontradas para que haja um melhor encaixe na equipe. Ou se os treinos e jogos indicarão que essas mudanças afetarão a formação titular.
Na defesa, David Luiz e Léo Pereira não repetem o bom momento do fim do ano passado, e terminaram o Mundial com problemas físicos. Filipe Luís, da mesma forma. É na defesa que o Flamengo vai mexer em 2023 primeiro para crescer de produção. E Vítor Pereira já avisou que esse processo vai priorizar o jogo coletivo, não os nomes.
Tudo dependerá de intensificar os trabalhos físicos, para que todos sejam medidos sob a mesma régua. O próprio Mundial foi um parâmetro enganoso, pois o Flamengo em início de temporada disputou contra equipes já adiantadas em seu processo evolutivo baseado no calendário europeu.
“A equipe está em pré-temporada, mas está disputando títulos em pré-temporada. Este é o problema. Neste início estaríamos a trabalhar e buscar ritmo, mas estamos a disputar títulos. Temos que aceitar a realidade e ir melhorando, nos tornando mais fortes e consistentes”, finalizou Vítor Pereira.