O cenário político de Manaus, cidade conhecida pelo forte apoio a Jair Bolsonaro (PL), foi surpreendentemente diferente durante a recente passagem do ex-presidente pela capital amazonense. Sob a organização de Capitão Alberto Neto (PL), candidato à prefeitura de Manaus, o evento deste sábado (28) ficou marcado pelo baixo público, algo que destoa dos grandiosos encontros já vistos na cidade.
A motocarreata, que teve início na loja Havan, na avenida das Torres, e se dirigiu até a Arena da Amazônia, contou com a presença de no máximo 1.500 pessoas, um número bem abaixo das expectativas. Para se ter uma ideia, eventos anteriores em Manaus, organizados pelo coronel Menezes — aliado de Bolsonaro — chegaram a reunir mais de 30 mil pessoas, como o grande ato na Via Torres em 2022. Esse contraste levantou questionamentos sobre a capacidade de mobilização do candidato apoiado por Bolsonaro.
Especialistas apontam que o fraco desempenho do evento não reflete uma perda de prestígio do ex-presidente em Manaus, mas sim o impacto da escolha de Alberto Neto como representante de sua base na disputa pela prefeitura. Alberto, apesar de hoje se apresentar como aliado de Bolsonaro, tem um passado político que gera desconfiança entre eleitores mais à direita. Em suas campanhas passadas, ele contou com doações de Omar Aziz, um dos maiores críticos de Bolsonaro, além de já ter aparecido ao lado de um candidato ligado ao PT em um palanque em Parintins, em 2024.
Essas ligações com políticos de esquerda minam a credibilidade de Alberto Neto entre o eleitorado conservador, que historicamente mostrou fidelidade a Bolsonaro em Manaus. Em um ambiente político polarizado, a escolha de Alberto Neto como candidato parece ter gerado um enfraquecimento na mobilização que Bolsonaro antes inspirava na capital amazonense.
A visita de Bolsonaro a Manaus, que anteriormente atraía multidões e gerava grande expectativa, dessa vez foi marcada por um clima apático. Para muitos, o “brilho” de Bolsonaro na cidade parece ter diminuído, não por sua própria perda de popularidade, mas por erros estratégicos nas alianças locais.