Manaus/AM – Manaus enfrenta a seca mais severa em 121 anos, e o fenômeno fez com que mais de 30 empresas da Zona Franca optassem por antecipar para este mês as férias coletivas, que originalmente são programadas para dezembro. Estima-se que entre 10 mil e 15 mil trabalhadores se beneficiarão dessa medida, conforme informações do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal).
De acordo com Valdemir Santana, presidente do Sindmetal, a principal razão para essa antecipação é a escassez de matéria-prima, causada pela suspensão temporária da navegação de navios que transportam insumos para o comércio e a fabricação de produtos na Zona Franca de Manaus (ZFM). Isso ocorre devido ao baixo nível dos rios no estado, conforme relatado pela Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac).
As empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM), costumam programar férias coletivas para seus funcionários em dezembro. A de 2023, estava programada para começar a partir de 10 de dezembro. Porém, cerca de 35 das 100 empresas do PIM decidiram adiantar o período de recesso, com o objetivo de evitar demissões, conforme destacou o presidente do Sindmetal, Valdemir Santana: “Alguns produtos estão com problema, porque houve uma demanda de vendas maior do que estava programado e houve essa seca, que estava programada, mas não assim tão severa. Então, a ideia deles é antecipar as férias coletivas que estavam programadas para depois do dia 10 de dezembro, para agora. Quando chegar a matéria-prima, eles retornam, com o condicional que não haja demissão desses trabalhadores”, disse.
De acordo com Santana, até o final desta semana, as empresas que optaram por conceder férias coletivas comunicarão aos sindicatos. A previsão é que o recesso comece na segunda-feira, 23 de outubro.
O Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam) disse que ainda não foi informado pelas empresas associadas sobre a adoção dessas medidas. Vale ressaltar que a antecipação das férias coletivas não se aplica a todas as empresas do Polo Industrial. A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), por exemplo, destacou que o cenário de estiagem severa requer atenção, mas não mencionou empresas interessadas em antecipar as férias coletivas. “Todas as 14 associadas realizam monitoramento contínuo da situação”, afirmou a Abraciclo, onde uma de suas associadas, a Honda, relatou que não planejava interrupções: “A Honda Motos tem adotado alternativas logísticas junto aos seus fornecedores e parceiros de negócio, como por exemplo a utilização de transporte aéreo e rodoviário, para minimizar impactos em sua operação”, informou.