Segundo o engenheiro civil Frank Albert, a trincheira localizada entre a avenida das Torres com a Barão do Rio Branco, zona Norte da cidade, entregue seis meses antes do previsto pela Prefeitura de Manaus na última quarta-feira (28), foi usada como vantagem política pelo prefeito David Almeida (Avante). A entrega foi realizada em palanque entre políticos locais.
A obra está decorada com as cores da atual gestão municipal e não mais com o brasão de Manaus, que sempre foi utilizado em gestões anteriores.
Na avaliação do especialista Frank Albert, obras como esta envolvem sempre a desapropriação de casas, comércios ou terrenos e se tornam obras caras porque o Executivo Municipal deve indenizar o proprietário para realizar o alargamento da via. O especialista disse que o poder público entregou a obra adiantada para mostrar trabalho, porém ignorou as normas exigidas. A obra foi entregue seis meses antes do previsto e não houve o acesso ao cronograma da obra.
“Muitas vezes o poder público, no afã de querer concluir logo a obra, para mostrar que está fazendo algo, passa por cima desse quesito tão importante que é a desapropriação. Então isso acaba sendo usado como o próprio marketing dizendo que a obra foi inaugurada seis meses antes”, ressaltou Albert.
O especialista disse que o Executivo foi “beneficiado” durante a execução da obra porque o período de estiagem deste ano foi muito maior que nos anteriores, o que colaborou com a obra na trincheira, mas reafirmou que o trânsito não vai melhorar, principalmente na rua Barão do Rio Branco, pela atenção que não foi dada à via.
“Foi um ‘benefício’, mas dizer que vai melhorar, não vai infelizmente, porque não houve o devido cuidado justamente na rua Barão do Rio Branco que é uma rua que tem um alto fluxo de veículos e continuou com a mesma caixa viária”, explicou o especialista.
E avaliou que obras como esta precisam ter planejamento, mas disse que por questões políticas, as normas técnicas que fariam com que obras assim durassem cerca de 20 anos, são deixadas de lado, o que prejudica o trânsito e impacta diretamente na vida das pessoas.
“Obras que eram para ajudar a cidade por cerca de 20 anos, já nascem com problemas. Obras que após a sua conclusão, infelizmente, acabam não ajudando e daqui a cinco anos ou até menos já fiquem obsoletas”, concluiu Albert.