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A Meta vai ter de dizer à AGU que a Constituição proíbe censura?

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Provavelmente nesta terça-feira a Meta vai responder (se é que já não o fez) a interpelação extrajudicial da Advocacia Geral da União para saber por que a Meta parou com a censura. Imaginem se a Meta responde apenas “é porque a Constituição brasileira manda”… Pois está lá no artigo 220, parágrafo segundo: “é vedada a censura de caráter político, ideológico e artístico”.

Ouvi na Auri Verde o venezuelano Roderick Navarro dando entrevista ao Alexandre Pittoli, e ele falava de como é estranho que o governo brasileiro lamente que uma plataforma tenha anunciado a suspensão da censura. Claro que isso não significa permitir que se continue acusando ou caluniando alguém depois que já houve a notificação da publicação. A questão não é essa. A decisão da Meta é sobre o corte de opiniões, julgando que elas contrariam o politicamente correto, que são de direita. Isso é o que vinha sendo feito.

Pior que governo querer censura é jornalista apoiar censura

Navarro estranhou que o governo brasileiro estivesse a favor da censura, mas é muito mais estranho que jornalistas brasileiros estejam a favor da censura – se ela ocorrer na rede social, claro. Com a rede social é concorrente desses jornalistas, eles querem que a rede social seja censurada, porque eles estão perdendo para a rede social. 

Mas nunca vi jornalista querer censura. Estou no jornalismo desde 1971, peguei boa parte do regime militar, no qual vigorava a censura, até que Ernesto Geisel acabou com a censura para fazer a abertura. Até agora só tinha visto jornalista criticando, tentando enganar a censura. Mas defender censura, isso é novidade.

Dos estudantes do Enem aos jornalistas, estão todos abandonando o idioma 

Cada vez mais jornalistas estão abandonando a ferramenta principal da comunicação, que é a língua. Quando lecionava nos cursos de Jornalismo da PUC e do Uniceub, em Brasília, eu falava muito sobre uma fórmula de se comunicar bem, e que vem de Winston Churchill: das palavras, as mais simples; e, entre as mais simples, as mais curtas. Por isso falei outro dia que avião é avião, não é “aeronave”, porque “aeronave” demanda muito tempo de quem fala e toma o tempo do ouvinte; então, por que não dizer logo “avião”? Pior ainda é ouvir jornalista dizer “onde é que”, “onde que”, “como que”, “quem que”, “qual que”… o que é isso, que língua é essa?

Digo tudo isso para tratar do resultado da redação do Enem. De 3,1 milhões de estudantes, só 12 tiraram nota máxima na redação. Isso significa que, em cada grupo de 258 mil estudantes do ensino médio, apenas um consegue fazer uma redação sem erros. Pior que isso: desses 12, apenas um é do ensino público, de uma escola de Minas Gerais. Qual é o futuro que isso indica? É um futuro de falta de leitura, de intimidade com as letras, com as palavras, com a língua portuguesa, aquela que falamos e usamos para expressar o pensamento, nos comunicar com outras pessoas, reclamar, opinar, criticar.

Pais, estimulem a leitura entre seus filhos, porque a leitura também vai dar conhecimento. Eu vejo, por exemplo, jornalista noticiando um acidente com um planador em Montenegro (RS), e dizendo que “caiu um avião no Rio Grande do Sul, um avião do tipo planador”. E só. Ora, um planador é rebocado para subir. O que houve com o rebocador eu não sei, mas planador plana, não cai. Não sei o que houve lá, mas certamente ele precisou aterrissar e não achou o terreno propício para isso. É falta de conhecimento, que vem da falta de leitura. Jornalista é obrigado a ter conhecimento geral – aliás, todos precisam ter, para poder se comunicar com os outros.


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