Por: Fred Melo
Os festejos bovinos acabaram e agora todas as atenções estarão voltadas para a política. A maior expectativa regional é o nome do vice na chapa de Wilson Lima (União Brasil), que tentará a sua reeleição. A indicação ficará a cargo do prefeito de Manaus, David Almeida.
David tem assumido o comando e o controle da campanha do atual governador. Ele indiscutivelmente tem uma aprovação popular grande e é hoje o político mais bem avaliado no Estado. Conseguiu ficar de bem com a maioria absoluta da mídia local que diariamente rasga elogios a sua administração. O secretário de Comunicação, Israel Conte, está dando um banho de gestão e estratégia de marketing, poucos são os veículos que produzem matérias negativas sobre o prefeito. Na Câmara Municipal, apenas os vereadores Amon Mendel e Rodrigo Guedes seguem numa postura independente e fiscalizando os atos do poder municipal, são duas andorinhas, lobos solitários que conseguem causar incômodo, embora seja insuficiente para produzir algum dano.
A escolha do vice será decisiva para David e não para o governador Wilson Lima. Ele que sofreu horrores com Carlos Almeida, hoje está bem relaxado no que se refere a esta questão. David trabalha com três nomes: Sabá Reis, Shadia Fraxe e Tadeu de Souza. Fazendo uma análise das possibilidades, o que menos representa um risco para o atual prefeito é o seu amigo, homem de confiança e ex-secretário da casa civil, Tadeu de Souza. Dessa lista ele é o único que não é político na sua essência, sempre esteve nos bastidores e não no palco, as possibilidades dele levantar da cadeira para David sentar são maiores, porque quando falamos de Sabá Reis as chances ficam bastante reduzidas, trata-se de um político das antigas e quando herdar o trono fatalmente vai querer permanecer nele, não apenas por oito meses, mas por mais quatro anos e certamente será candidato à reeleição contra o próprio David.
Este mesmo princípio se aplica a Shádia Fraxe, ex-secretária de Saúde, casada com o deputado estadual Abdala Fraxe, um político com ambições próprias e gosto pelo poder, isso fará com que ela seja em 2026 uma adversária em potencial do atual prefeito. O cargo de governador representa poder demais e ninguém consegue abrir mão disso, e nem dividi-lo “candidamente”. David terá sim adversários de peso em 2024, e também em 2026. Ele não vencerá nenhuma dessas duas eleições por W X O.
Neste cenário delicado, complexo, um nome está descartado para ser o vice, Marcos Rotta, este não será candidato indicado a vice e nem disputará o Senado. O PP integra o arco de aliança do presidente Bolsonaro. Ciro Nogueira é o presidente nacional da legenda e ministro chefe da Casa Civil. O presidente não permitirá que uma candidatura de Rotta venha prejudicar a do seu pré-candidato ao Senado no Amazonas, Coronel Menezes. Esse alinhamento tudo indica que já está costurado com a cúpula do partido e o nosso sistema partidário é presidencialista, quem manda é a nacional, as regionais seguem a orientação e ponto final. Não haverá mudança nesta rota.
Outro fato que precisa ser ressaltado é que os velhos caciques ficaram distantes do boi e do povo agora no Festival Folclórico de Parintins nenhum esteve presente: Amazonino, Omar, Eduardo e Artur passaram distante, parece que estavam assustados e acuados sem poder fazer o papel de protagonistas do evento. A impressão que ficou é que o eixo do poder definitivamente está mudando de mãos e 2022 pode assinar o atestado de óbito político de todos eles de uma única vez. Wilson Lima era o grande anfitrião, e isso parece que era demais para aqueles que nos últimos quarenta anos mandaram na política do Estado. A nova geração esteve presente e circulando com desenvoltura pelo sambódromo, além do governador, David Almeida, Menezes, Saulo Vianna, Alberto Neto, Alfredo Jacaúna e evidentemente Bi-Garcia, prefeito de Parintins, estavam circulando leves, livres e soltos ao som do boi-bumbá.
O meu coração ficou azul, nem no boi eu consigo torcer pelo vermelho…
Que phase!