Mesmo sem cargos eletivos em seus partidos, políticos têm recebido altos salários e verbas com publicidade e advogados.
Segundo levantamento realizado pela CNN Brasil, somente o ex-presidente Lula (PT) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) receberam, juntos, quase R$ 1 milhão em salário de seus respectivos partidos, de 2019 a 2021.
O ex-presidente Lula embolsa atualmente cerca de R$ 22 mil mensais, estando registrado como funcionário do Partido dos Trabalhadores no detalhamento de despesas do partido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nos últimos dois anos, também foram gastos R$ 939 mil com a Teixeira Zanin Martins, empresa de advocacia responsável pela defesa do ex-presidente, além de R$ 716 mil com os serviços do fotógrafo de Lula, Ricardo Stuckert.
Ciro Gomes, por sua vez, recebe R$ 21,3 mil de salário mensal, estando registrado como funcionário do Partido Democrático Trabalhista (PDT). O montante é maior do que o do presidente do partido, Carlos Lupi, que recebe R$ 19,2 mensais.
O PDT também arcou com os R$ 250 mil dos custos do publicitário João Santana, responsável por cuidar da imagem de Ciro. Antes de assumir o trabalho, Santana foi condenado a oito anos de prisão por lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato, após trabalhos prestados ao PT.
O levantamento da CNN aponta que os principais destinos da verba do Fundo Partidário dessas e de outras siglas são fundações simpatizantes das pautas ideológicas dos partidos, escritórios de advocacia e empresas de marketing. Os salários dos presidentes das legendas e de políticos proeminentes delas também são destaque na lista.
O Partido Social Liberal (PSL), por exemplo, investiu R$ 57,6 milhões com o Instituto de Inovação e Governança, que é presidido pelo dirigente da sigla, Luciano Bivar. Até mesmo o partido Novo, que prega não usar recursos públicos, repassou R$ 7,1 milhões entre 2019 e 2021 para financiar a Fundação Brasil Novo, dirigida pelo presidente do partido, Eduardo Ribeiro.
O MDB, por sua vez, destinou R$ 29,4 milhões à Fundação Ulysses Guimarães, presidida pelo ex-ministro do governo Michel Temer, Wellington Moreira Franco, enquanto a Fundação Perseu Abramo, dirigida pelo ex-ministro Aloizo Mercadante, recebeu R$ 48,7 milhões do PT.