Promessas de negócios envolvendo investimento em criptomoedas lideram as denúncias de fraudes financeiras feitas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), principalmente esquemas de pirâmide. Segundo a autarquia federal, os ativos digitais foram usados em 43% dos esquemas denunciados.
O alto número de fraudes tem gerado grande preocupação na CVM, que é uma espécie de “polícia do mercado”, recebendo as denúncias de supostos esquemas de pirâmide e outras fraudes financeiras. No ano passado, foram 325 comunicados, um crescimento de 75% na comparação com 2019.
A CVM repassa as denúncias recebidas a órgãos como o Ministério Público, seja na esfera estadual ou Federal. Isso acontece porque os esquemas de pirâmide financeira fogem do escopo de atuação da autarquia, que não tem poder para investigar esse tipo de crime financeiro.
Fortes indícios
Dos 325 comunicados, pelo menos 175 tinham indícios claros de “ilícito penal de ação pública”, e estão em diferentes estágios de investigação nas Promotorias. Ou seja, cerca de 54% das denúncias têm algum indício de ser procedente.
A pirâmide financeira é uma criação do italiano Carlo Ponzi. A fraude consiste em atrair novos investidores para um negócio pretensamente lucrativo, mas os ganhos têm como base a entrada de pessoas e não os investimentos, o que torna o negócio insustentável em um certo ponto.
Com o advento da tecnologia, os crimes de pirâmide financeira também evoluíram. Hoje, o WhatsApp é o meio mais usado para atrair novas vítimas para esses esquemas. Cerca de 27,5% dos que foram atraídos receberam a proposta pelo aplicativo, contra 19,7% que foram chamados pessoalmente.
Cerco fechando
A Polícia Federal tem intensificado a luta contra fraudes que usam criptomoedas como chamariz. Recentemente, o ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos, dono da empresa GAS Consultoria Bitcoin, foi preso em um condomínio de luxo no Rio de Janeiro acusado de fraude com ativos digitais.
Glaidson é acusado de ter movimentado cifras bilionárias usando criptomoedas. Mas, segundo a PF, o dinheiro usado para pagar alguns dos investidores vinha de novos entrantes, e não da variação do valor do Bitcoin.
Além disso, a polícia também investiga se o dinheiro aplicado pelas supostas vítimas era mesmo investido em criptomoedas ou usado inteiramente para pagar parte dos investidores, a fim de gerar uma imagem pública positiva em relação à empresa.
Com informações de Estadão.