O Brasil está diante do maior escândalo de corrupção dos últimos anos — talvez de toda a sua história recente. As fraudes envolvendo o INSS já ultrapassam R$ 6,3 bilhões em prejuízos diretos, com estimativas indicando que o rombo pode ser ainda maior. Para efeito de comparação, é mais do que todo o valor recuperado pela Operação Lava Jato apenas junto à Petrobras. E mais grave ainda: é dinheiro arrancado da aposentadoria de idosos, de gente simples, que passou a vida trabalhando e agora é lesada no fim da linha.
O que torna esse escândalo ainda mais repulsivo é o método sórdido com que foi executado. Cobranças de R$ 30 a R$ 50, supostamente “associativas”, foram aplicadas sistematicamente em milhares de benefícios, mês após mês, sem autorização. Segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), 97% dos entrevistados nunca consentiram com os descontos.
E como o governo Lula reagiu? Com a omissão de sempre de quem já ostenta no currículo os escândalos do mensalão e a própria Lava Jato. Ao invés de apoiar uma CPI para investigar e punir os responsáveis, o governo do PT articula nos bastidores para enterrar o caso.
Troca-se o ministro da Previdência como se isso bastasse para dar satisfação à sociedade, enquanto se mantém o discurso de que está tudo sob controle.
A gravidade do escândalo do INSS se traduz em números: a Lava Jato, ao longo de nove anos, recuperou R$ 25 bilhões aos cofres públicos. Desse total, mais de R$ 6 bilhões foram devolvidos apenas à Petrobras, resultado de 43 acordos de leniência com empresas e dezenas de delações premiadas.
O caso do INSS, ainda em fase inicial de investigação, já ultrapassa R$ 6,5 bilhões em prejuízos — e pode alcançar a cifra escandalosa de R$ 90 bilhões. Trata-se de um rombo que revela não apenas falhas de fiscalização, mas também o descaso com o dinheiro público.
Para se ter ideia da gravidade, com esse valor seria possível construir 18 mil escolas de qualidade ou 900 hospitais de médio porte, ou 45 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou ainda mais de 1,1 milhão de moradias populares pelo Minha Casa, Minha Vida.
A fraude no INSS equivale a 16% de toda a ajuda prometida pelo governo federal para a reconstrução do Rio Grande do Sul após enchentes.
Enquanto a Lava Jato foi desmantelada por pressões políticas e ataques coordenados, o caso do INSS é tratado com naturalidade — como se desviar bilhões em benefícios fosse apenas uma falha administrativa
Quem defende justiça de verdade, quem apoiou a Lava Jato, tem o dever de exigir a responsabilização e ressarcimento. Mas o governo do PT, em vez de liderar a apuração, propor uma devassa nas instituições envolvidas e garantir o ressarcimento aos lesados, prefere o silêncio institucional, troca de ministro para inglês ver e articulação nos bastidores para bloquear a instalação de uma CPMI.
Não há desculpa plausível: se o governo do PT sabia, foi cúmplice; se não sabia, foi incompetente. Em qualquer dos cenários, deve responder politicamente, administrativamente e moralmente por esse escândalo.
Infelizmente, a corrupção no Brasil parece ser crônica, o que nos faz lembrar de uma frase de Fabio Giambiagi: “A esquerda nunca se recuperou da mancha moral da corrupção, e parte do país age como se os escândalos que nos marcaram nos anos 2000 e 2010 não tivessem existido — o que é constrangedor, e algo que só será superado quando outra geração de políticos dessa corrente ocupar o palco.”
Que venham as eleições de 2026.
Fabio Oliveira é especialista em gestão pública e deputado estadual.