No programa Entrelinhas desta quinta-feira (15), Luiz Carlos Manzano, marido de Fátima Aparecida Plet, presa e hoje exilada na Argentina pelo 8 de Janeiro, revelou o que sua esposa passou dentro do presídio da Colmeia. Manzano descreveu uma das primeiras visitas: “Não a reconheci logo de cara. Ela tinha emagrecido 25 quilos”. Segundo ele, além da fome, Fátima foi vítima de outros abusos, tanto físicos quanto psicológicos.
Dentre os relatos, Luiz afirma que Fátima, certa vez, teve que ficar no isolamento, pelo simples motivo de estar usando uma meia, quando saiu para tomar sol. A prática era proibida, mas ela desconhecia a regra. Assim, teve que passar os dias sem a peça, ficando com “o pé roxo, de tanto frio”.
“Ela desmaiou várias vezes de fome lá dentro”, disse Luiz. De acordo com ele, comidas vinham com “barata, caco de vidro e lâmpada quebrada” ou às vezes estavam “podres e azedas”. Ele contou ainda que detentas envolvidas no 8 de janeiro não conseguiam acesso a remédios que necessitavam, agravando o sofrimento. “Por que você acha que ‘Clezão’ morreu lá dentro?”, ele pergunta, lembrando-se do caso de Cleriston Pereira da Cunha, que morreu vítima de mal súbito, no presídio da Papuda.
Segundo relatos de Luiz, as mulheres presas pela manifestação em Brasília não conseguiam dormir por conta de barulhos e provocações de guardas: “De madrugada, tinha gente que ia lá para xingar, ofender e brigar com elas, fazendo escândalo na porta das celas. Foi terrível”.
Exílio na Argentina
Luiz ainda contou que Fátima está na Argentina, mas tem dificuldade de conseguir emprego. Segundo ele, ela sobrevive a base de rifas, ajudas e doações espontâneas. Porém, ele mantém esperança na anistia: “Que saia logo! A Fátima faz muita falta para mim. Dependo dela, desde a hora em que acordo, até a hora em que eu vou dormir”, desabafou.
O Entrelinhas vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 15h, no canal da Gazeta do Povo no YouTube, trazendo os principais temas do cenário político e econômico do país. A apresentação é de Mariana Braga, com comentários de Frederico Junkert, advogado e especialista em direito constitucional.
