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Governo Lula publica suspensão de acordos entre INSS e associações

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Publicada no “DOU”, norma foi assinada por substituta de Alessandro Stefanutto, afastado da presidência do INSS após revelação de fraude

INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) publicou na 3ª feira (29.abr.2025) a norma que suspende todos os acordos que envolvam descontos diretos de mensalidades de associações em aposentadorias e pensões.

Oficializada no DOU (Diário Oficial da União), a medida foi anunciada pelo governo na semana passada, quando uma operação da PF (Polícia Federal), em parceria com a CGU (Controladoria Geral da União), revelou um esquema de descontos não autorizados em folhas de pagamento de beneficiários.

Segundo o despacho, a suspensão vale “até ulterior reavaliação de sua regularidade e conformidade com as normas vigentes, bem como de quaisquer repasses às entidades partícipes dos ajustes”. Leia o documento na íntegra (PDF – 191 kB).

A decisão foi assinada pela presidente interina do INSS, Debora Aparecida Andrade Floriano, que assumiu o cargo de Alessandro Stefanutto, afastado a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, participou na 3ª feira (29.abr) de audiência da Comissão de Previdência da Câmara dos Deputados para tratar do caso. Na ocasião, Lupi declarou que o INSS não deveria intermediar a relação entre associações de aposentados e seus beneficiários.

Resolveram colocar o INSS com mais esse trabalho. É mais cômodo [para as associações] o desconto em folha do que ter que ir atrás do aposentado todo mês”, declarou o ministro.

LUPI FOI ALERTADO

A função de Lupi no governo passou a ser ameaçada depois da revelação de que ele foi alertado sobre o aumento de descontos não autorizados em aposentadorias em junho de 2023, mas levou 10 meses para agir sobre o caso. A informação foi confirmada pelo Poder360 nas atas das reuniões do CNPS (Conselho Nacional de Previdência Social).
Segundo os documentos disponíveis no site do conselho, a 1ª vez que o tema surgiu em reunião foi em 12 de junho de 2023, mas o item só foi incluído na pauta da reunião de 24 de abril de 2024.
Lupi é presidente do conselho, que reúne a cúpula do ministério, o INSS e associações de aposentados, sindicatos e entidades patronais.

OPERAÇÃO SEM DESCONTO

A PF (Polícia Federal) deflagrou em 23 de abril a operação Sem Desconto para apurar as fraudes no INSS. Durante a ação, foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão, 6 mandados de prisão temporária e ordens de sequestro de bens que somam mais de R$ 1 bilhão. A operação foi realizada em 13 Estados, incluindo São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Ceará e também no Distrito Federal.
O governo informou que 6 pessoas foram afastadas de suas funções por determinação da Justiça Federal. A CGU também participa das investigações.

COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA

Segundo a PF, o esquema envolvia entidades de classe que realizavam descontos sem autorização nos benefícios de aposentados e pensionistas. Os valores eram cobrados como mensalidades associativas, mas não havia prestação efetiva de serviços.
Auditoria da CGU apontou que 70% das 29 entidades analisadas não entregaram a documentação exigida pelo INSS. Em entrevistas da CGU com 1.300 beneficiários, a maioria declarou não ter autorizado desconto algum.
A investigação identificou falhas na verificação da autorização dos beneficiários e indícios de falsificação de documentos. As entidades assinavam acordos com o INSS que permitiam os descontos, mas muitos eram aplicados sem consentimento dos segurados.

QUANDO COMEÇARAM AS INVESTIGAÇÕES

Em 2023, ao perceber um aumento expressivo no número de entidades conveniadas e nos valores descontados de beneficiários, a CGU iniciou as apurações.

Foram realizadas auditorias em 29 entidades com acordos de cooperação e conduzidas entrevistas com 1.300 aposentados que tinham descontos em folha de pagamento.

Os crimes investigados incluem:

  • corrupção ativa e passiva;
  • organização criminosa;
  • lavagem de dinheiro;
  • falsificação de documentos;
  • violação de sigilo funcional.

A PF informou ter apreendido carros de luxo, dinheiro em espécie, joias e obras de arte.

QUEM FOI AFASTADO

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, informou em 23 de abril os nomes de 5 funcionários afastados. São eles:

  • Alessandro Stefanutto – presidente do INSS;
  • Virgílio Ribeiro de Oliveira Filho – procurador-geral do INSS;
  • Vanderlei Barbosa dos Santos – diretor de Benefícios e Relacionamento;
  • Giovani Batista Fassarella Spiecker – coordenador de Suporte ao Atendimento;
  • Jucimar Fonseca da Silva – coordenador de Pagamentos e Benefícios.

Também foi afastado um policial federal, cuja identidade não foi divulgada.

QUAL É A ORIENTAÇÃO PARA OS BENEFICIÁRIOS?

A orientação do governo aos beneficiários é que, caso identifiquem descontos indevidos de mensalidade associativa no extrato de pagamento (contracheque), façam o pedido de exclusão por meio do aplicativo ou site “Meu INSS”.


A exclusão é automática e pode ser realizada sem necessidade de comparecer presencialmente.

*Com informações Poder360

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