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De “caçador de marajás” a preso por corrupção: entenda o histórico de Collor

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Em vias de ser preso por corrupção, o ex-presidente Fernando Collor de Mello teve uma ascensão meteórica, uma queda dramática e, mais recentemente, uma série de reveses judiciais. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta quinta-feira (24) que o ex-mandatário comece “imediatamente” a cumprir a pena de 8 anos e 10 meses de prisão. Collor já informou que pretende se apresentar para cumprir a ordem do ministro.

Em 1989, ele surgiu no cenário político como uma figura nova e jovem, vencendo a primeira eleição presidencial democrática pós-ditadura. Com um discurso liberal e pró-modernização, prometeu combater a inflação, defender privatizações e a abertura de mercados e cunhou para si a alcunha de “caçador de marajás”, slogan usado para criticar os servidores públicos com altos salários e benefícios.

Collor se apresentou como um “outsider” em um Brasil assolado pela inflação e acabou atraindo o apoio da classe média, das elites e de grandes veículos de comunicação. No entanto, sua curta gestão (1990-1992) é lembrada pelo confisco das cadernetas de poupança que gerou enorme insatisfação popular.

A derrocada foi precipitada pelas denúncias de corrupção envolvendo Paulo César “PC” Farias, ex-tesoureiro de sua campanha, que operaria um esquema para custear despesas pessoais do então presidente. As acusações ganharam visibilidade com entrevistas de irmão do ex-mandatário, Pedro Collor, e do motorista Eriberto França, confirmando pagamentos de despesas pessoais com dinheiro vindo das empresas de PC Farias.

A imprensa, que antes o apoiara, passou a ser um instrumento crucial na divulgação das denúncias. Uma CPI mista investigou o esquema PC, diante da intensa mobilização popular dos “caras-pintadas”, o Congresso aprovou a abertura do processo de impeachment.

Collor renunciou à Presidência na tentativa de evitar a perda de seus direitos políticos, mas a manobra foi em vão, e a cassação foi confirmada pelo Senado. O então vice-presidente da República, Itamar Franco, assumiu o cargo.

Em 1994, Collor foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da acusação de corrupção passiva no caso PC Farias por falta de provas. Contudo, a suspensão de seus direitos políticos por oito anos foi mantida. Ele retornou à cena política em 2006, elegendo-se senador, mantendo-se no cargo até 2023.

Collor se aproximou do então presidente Jair Bolsonaro (PL) principalmente ao longo de 2022, quando disputou o governo de Alagoas. Ele acompanhou o ex-mandatário em agendas locais e buscou ser visto como “o candidato de Bolsonaro” no estado, mas não se elegeu.

A investigação da Lava Jato contra Collor

A atuação discreta como senador foi quebrada ao ser denunciado em um desdobramento da Operação Lava Jato por um esquema de corrupção na BR Distribuidora, antiga subsidiária da Petrobras.

Segundo a investigação, o ex-presidente recebeu R$ 20 milhões em propina para viabilizar irregularmente contratos da BR Distribuidora com a UTC Engenharia para a construção de bases de distribuição de combustíveis, entre 2010 e 2014. A vantagem foi dada em troca de apoio político para indicação e manutenção de diretores da estatal.

Em 2015, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Collor ao Supremo. Entre as provas, foram apresentados registros encontrados no escritório do doleiro Alberto Youssef e depoimentos de delatores. A denúncia da PGR foi acolhida em agosto de 2017 por unanimidade pela Segunda Turma.

O STF condenou Collor pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em maio de 2023. Ele conseguiu adiar o início do cumprimento da pena com recursos contra a decisão.