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Quem publicou “desafio do desodorante”, que resultou na morte de menina de 8 anos, pode pegar 30 anos de prisão

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Brasil – A trágica morte de Sarah Raíssa Pereira de Castro, de 8 anos, após inalar gás de desodorante aerossol no chamado “desafio do desodorante”, levou a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) a intensificar a busca pelos responsáveis pela criação e divulgação do conteúdo viral. A investigação, conduzida pela 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), aponta que os autores do desafio podem enfrentar penas de até 30 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado, devido ao risco generalizado da prática e à vítima ser menor de 14 anos. O caso, ocorrido em abril de 2025, expõe a gravidade de trends perigosas em redes sociais e a urgência de responsabilização criminal.

A PCDF apreendeu o celular de Sarah para perícia, com o objetivo de rastrear a origem do vídeo que a influenciou. O delegado João Ataliba Neto explica que o laudo pericial, esperado em cerca de 30 dias, será crucial para identificar o criador do conteúdo e confirmar como a menina acessou o desafio. A rede social envolvida, possivelmente o TikTok, será notificada para fornecer informações sobre o autor do vídeo. Caso se comprove que o conteúdo foi denunciado e não removido, especialistas sugerem que a plataforma também pode enfrentar responsabilização civil, embora a responsabilização criminal de empresas seja limitada no Brasil, exceto em crimes ambientais.

O crime de homicídio duplamente qualificado, conforme destacado pelo delegado, é agravado pelo uso de um meio que coloca múltiplas pessoas em perigo e pela vulnerabilidade da vítima. Especialistas em direito digital, como Alexander Coelho, defendem que a disseminação de desafios perigosos deveria ser tratada com a mesma severidade que a incitação ao suicídio, podendo envolver acusações de induzimento ou instigação a práticas letais. A investigação também analisa se o vídeo foi impulsionado pela plataforma, o que poderia agravar a responsabilidade dos envolvidos. A demora na moderação de conteúdos nocivos é um ponto central, já que tecnologias de inteligência artificial poderiam identificar e bloquear esses vídeos em tempo real.

A família de Sarah, devastada, clama por justiça, enquanto o caso reacende debates sobre a regulamentação das redes sociais. A PCDF enfatiza que a identificação dos responsáveis é prioritária, e o laudo do Instituto Médico Legal (IML) já finalizado será analisado para detalhar os efeitos da inalação no organismo da criança. A tragédia, que não é isolada — com pelo menos 56 mortes de jovens ligadas a desafios online no Brasil desde 2014, segundo o Instituto DimiCuida — reforça a necessidade de punições rigorosas para coibir a criação e propagação de conteúdos que incentivam comportamentos de risco, especialmente entre crianças.