Seis dias antes de a Polícia Federal (PF) deflagrar uma operação para apurar fraudes em licitações de passagens aéreas, o prefeito de Guajará, Adaildo da Costa Melo Filho (União), formalizou dois novos contratos com a empresa Cruzeiro Tour Agência de Viagens e Turismo Ltda., totalizando R$ 1.230.591,70. A empresa, situada em Cruzeiro do Sul (AC), está sendo investigada por suspeita de envolvimento em irregularidades em licitações realizadas entre 2017 e 2021, período em que Adaildo Melo exercia o cargo de vice-prefeito.
Os contratos firmados pela Prefeitura de Guajará e pela Câmara Municipal envolvem a contratação de serviços de agenciamento de viagens, como pesquisa de preços, reservas, emissão e fornecimento de passagens aéreas regionais e nacionais.
O primeiro contrato, no valor de R$ 492.000,00, foi formalizado pela Câmara Municipal, enquanto o segundo, de R$ 738.591,70, foi assinado pela Prefeitura Municipal. A empresa será responsável pela entrega de 500 passagens aéreas ao longo de um ano.
A polêmica em torno da Cruzeiro Tour
A Cruzeiro Tour tem sido foco de investigações desde a Operação Embarque Fantasma, deflagrada pela Polícia Federal no dia 1 de abril deste ano, para apurar um esquema de fraudes em contratações de passagens aéreas no estado do Amazonas. A empresa foi uma das principais beneficiárias de licitações no município de Guajará durante o período investigado, e é suspeita de práticas fraudulentas como a emissão de bilhetes falsos, cobrança por viagens não realizadas e falta de comprovação dos serviços prestados.
A operação também revelou que, entre 2017 e 2021, as despesas do município de Guajará com passagens aéreas superaram até mesmo as da capital, Manaus, apesar de a população de Guajará ser 131 vezes menor que a da capital amazonense. A PF apura a possível existência de um cartel no fornecimento de passagens aéreas, com a manipulação de contratos e emissão de notas fiscais irregulares.
“Entre 2017 e 2021, o município de Guajará teria gasto mais com viagens aéreas do que a própria capital do estado, Manaus, apesar de sua população ser 131 vezes menor. As investigações revelaram que, nesse período, uma única empresa, possivelmente em conluio com outras, venceu todos os processos licitatórios para fornecimento de passagens aéreas no município”, declarou a PF em nota oficial.
O futuro da investigação
O processo judicial que investiga as fraudes, registrado sob o número 1027087-09.2024.4.01.3200 na 2ª Vara Federal Criminal do Amazonas, inclui o nome do prefeito Adaildo Melo, de sua possível parente Angela Maria de Freitas Melo, além de outros seis suspeitos, entre eles servidores públicos e empresários.
A Polícia Federal segue com as investigações e não descarta a possibilidade de novas fases da operação, visando desmantelar o esquema e responsabilizar todos os envolvidos.
*Com informações portaldoalexbraga.