No último dia 12, o sargento da PM Michael Flores Cruz, de 36 anos, (foto abaixo) foi morto com dois tiros, sendo um na cabeça em Tabatinga, horas depois, segundo testemunhas e familiares, ao menos sete jovens foram brutalmente executados.
De acordo com o jornal Folha de São Paulo, as mortes foram realizadas por colegas de farda de Michael. Há suspeita de que os policiais ainda invadiram e vandalizaram casas, ameaçaram familiares dos mortos, adulteraram atestado de óbito e impuseram a lei do silêncio.
Um áudio distribuído via WhatsApp fez a convocação: “Todos os PMs que estiverem de folga desloquem-se para o 8º Batalhão para manter uma reunião aqui. Nosso colega M. Cruz foi a óbito”.
Em uma das casas invadidas, um PM disse a familiares que “bandido bom é bandido morto”.
Ao menos seis mortos tinham entre 17 e 27 anos e eram negros ou pardos. A reportagem não localizou os dados de dois deles.
Corpo de Gabriel Pereira Rodrigues, de 18 anos, (foto acima) foi encontrado no lixão de Tabatinga horas após ter sido levado pela PM. Ele teve o ânus perfurado.
Já o jovem peruano-colombiano Antonio Rengifo Vargas, de 20 anos, (foto abaixo) também foi encontrado baleado e com sinais de tortura no lixão da cidade.
Procurada, a Defensoria Pública do Amazonas não respondeu às perguntas enviadas por escrito. Via áudio de WhatsApp, a assessoria de imprensa afirmou que “não houve procura de familiares questionando aumento de violência mais do que o natural do que vem ocorrendo, pelo menos até aqui”.
O Ministério Público do Amazonas e a Polícia Civil também se recusaram a comentar as mortes, alegando sigilo, segundo a Folha.
Em Tabatinga, o 8º Batalhão da Polícia Militar (BPM) está sob o comando do tenente-coronel Eddie César. Ele foi transferido para a cidade após ter sido denunciado por se envolver sexualmente com alunas do Colégio Militar da Polícia Militar 8, onde ele trabalhava como diretor.
Na segunda-feira (28), a Folha ligou para o celular de Eddie. Antes de interromper a entrevista, o tenente-coronel disse que a PM matou quatro pessoas no dia 12, após o assassinato do sargento, mas negou envolvimento com os corpos encontrados no lixão.