Em passagem pelo Japão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas ao que ele chamou de “extrema-direita negacionista” e ao “protecionismo”. Sem citar Donald Trump, as declarações foram do petista foram vistas como uma crítica ao presidente dos Estados Unidos, que tem adotado uma política econômica considerada protecionista.
“Nós temos que primeiro brigar muito pela democracia. A democracia corre risco no planeta, com eleição de uma extrema-direita negacionista que não reconhece sequer vacina, não reconhece sequer a instabilidade climática e não reconhece sequer partidos políticos, sindicatos e outras coisas”, iniciou Lula ao dizer que os líderes mundiais tinham “três preocupações” que deveriam norteá-los.
Donald Trump, assim como outros líderes de direita têm um posicionamento crítico quanto as políticas ambientais. Após tomar posse para seu segundo mandato, em janeiro deste ano, o republicano assinou um decreto que retira os Estados Unidos do Acordo de Paris. O movimento foi visto como uma ameaça às discussões sobre da mudança climática e transição energética no contexto internacional.
Lula ainda prosseguiu dizendo que a questão do livre-comércio também deveria ser uma preocupação para a comunidade internacional. “Nós não podemos voltar a defender o protecionismo. Nós não queremos uma segunda Guerra Fria. O que nós queremos é comércio livre para que a gente possa definitivamente fazer com que nossos países se estabeleçam no movimento da democracia, no crescimento econômico e na distribuição de riqueza”, declarou o presidente brasileiro.
A afirmação também é vista como uma crítica à Trump. O líder norte-americano tem implementado medidas protecionistas significativas, incluindo a imposição de tarifas de 25% sobre todos os carros que são fabricados fora do território americano, além das chamadas “taxas recíprocas” que podem afetar países parceiros comerciais dos americanos diretamente.
Essa ação visa fortalecer a produção doméstica do país, mas tem gerado preocupações sobre o aumento dos preços para os consumidores e possíveis retaliações comerciais de outros países. Tais iniciativas ainda contrastam o livre-comércio promovido por Lula, que defende a necessidade de cooperação internacional para o crescimento econômico e a distribuição de riqueza.
Por fim, Lula voltou a defender o multilateralismo e a relação entre os países. “É muito importante a relação política. É muito importante a relação entre universidades. É muito importante a troca de experiências científica e tecnológica. É muito importante a relação entre os sindicatos. É muito importante a relação entre os partidos políticos. E, sobretudo, é muito importante a relação entre os povos”, disse.
“Nós não queremos mais muros. Nós não queremos mais Guerra Fria. Nós não queremos mais ser prisioneiros da ignorância. Nós queremos ser livres e prisioneiros da liberdade”, finalizou Lula. As declarações foram feitas nesta quarta-feira (26), no Japão, e ao lado do primeiro-ministro Shigeru Ishiba. Lula e o premiê japonês falavam com a imprensa após participarem do Fórum Empresarial Brasil-Japão, realizado em Tóquio.